Como você escolhe o seu candidato? Pela orientação política — direita ou esquerda — ou pela capacidade de gestão, de apontar soluções para resolver os problemas da sua cidade?
Uma pesquisa feita pelo Instituto DataSenado mostra que, a poucos dias das eleições municipais, mais da metade dos eleitores — 57% deles — disseram não se considerar nem de esquerda nem de direita. A pesquisa mostrou ainda que 29% dos entrevistados se consideram de direita e 15% de esquerda.
Mas para o cientista político Eduardo Grin, o que a pesquisa mostra é que nunca teremos 100% da sociedade envolvida em política e em polarização.
“O que quero destacar é que a polarização política, que envolve as forças políticas e parcela da sociedade mais envolvida, segue cada vez pior. Mais intensa, com episódios que agora acabam em violência — não só pela internet, mas também física. Ou seja, tudo são sintomas de um processo de polarização política que segue muito intenso”, destaca o cientista.
Foco nos problemas e nas soluções
Em função das características da maior parte dos municípios brasileiros — em que cerca de metade tem apenas dois candidatos a prefeito nestas eleições deste ano — a tendência é que a polarização se mostre menos acirrada, avalia Grin.
O cientista político explica que o foco para a escolha do candidato deve se dar por outras razões. “Em geral, o que vale mais em eleições municipais é o prefeito ser um bom síndico. Aquele que inspira confiança para fazer uma boa entrega de serviços, é o prefeito que já vem fazendo um bom trabalho e a população tem mais receio de apoiar alguém que ela não conhece.”
Opinião que é compartilhada pelo cientista político Leandro Gabiati.
“Numa eleição municipal você olha primeiro quem é o prefeito, como eu considero a gestão dele. E eventualmente o eleitor de direita pode apoiar um candidato de esquerda que tenha feito uma boa gestão, ou o contrário. São os reflexos das políticas públicas no dia-a-dia da população que contam na hora do voto.”
Cidades maiores, mais polarização
O cientista Eduardo Grin afirma ainda que, nas cidades maiores, a tendência de polarização e escolha de um candidato em função de sua orientação ou partido político tende a ser bem maior do que nas cidades pequenas. Mas faz um destaque para as eleições presidenciais de 2026.
“Assim como vimos em 2022, nas eleições para presidente, veremos em 2026. Uma escolha muito mais voltada por partidos e ideais políticos do que por candidatos propriamente ditos.”
O que mostra a pesquisa
Segundo a pesquisa, quanto maior a renda dos eleitores, menos eles tendem a ser neutros — mas são eleitores de centro. Quanto aos que se disseram neutros com relação ao viés político, 45% dos que se disseram neutros têm ensino fundamental incompleto.
Os evangélicos tendem a ser mais de direita — eles são 35% dos entrevistados, já os católicos de direita são 28%. Quanto ao gênero, 34% dos homens se disseram eleitores de direita, enquanto as mulheres somam 24%.
A pesquisa foi feita entre os dias 5 e 28 de junho de 2024. Ao todo, o levantamento ouviu 21.808 brasileiros de todas as unidades da federação. O nível de confiança é de 95% e a margem de erro é de 1,22 ponto porcentual.
Brasil 61