O advogado de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Paulo Cunha Bueno, criticou duramente o relatório da Polícia Federal (PF) que embasou a denúncia contra seu cliente. Segundo ele, o documento de 889 páginas apresenta fragilidades e falta de convicção, evidenciadas pelo uso recorrente do advérbio “possivelmente” ao longo da peça investigativa.
“Esse relatório utiliza o advérbio ‘possivelmente’ por 96 vezes. Isso demonstra que os elementos colhidos são frágeis e que a narrativa construída carece de um mínimo de convicção e certeza”, afirmou o advogado.
Além de questionar a solidez da investigação, Cunha Bueno denunciou o que considera um cerceamento de defesa, alegando que a equipe jurídica de Bolsonaro não teve acesso integral às provas reunidas pela PF. “Nós peticionamos diversas vezes ao longo do inquérito e após a denúncia, solicitando acesso à integralidade dos elementos coligidos, mas não obtivemos êxito”, disse.
O advogado destacou que, apesar do cumprimento de 38 mandados de busca e apreensão, a defesa teve acesso apenas ao conteúdo de sete telefones celulares, sem incluir o aparelho do próprio ex-presidente. “Não tivemos acesso nem mesmo à mídia do celular do presidente Bolsonaro. Quando pedimos esse acesso, a resposta que recebemos é que tudo o que está nos autos já foi disponibilizado”, criticou.
Para Cunha Bueno, essa limitação imposta à defesa fere princípios do devido processo legal. “O problema é que não tivemos acesso ao que não está nos autos. Isso significa que nosso acesso foi restrito ao que a acusação escolheu disponibilizar. Essa disparidade entre acusação e defesa representa um retrocesso para o processo penal, fazendo-o regredir à Idade Média”, concluiu.
A denúncia contra Bolsonaro faz parte de uma investigação mais ampla conduzida pela Polícia Federal, que apura supostas irregularidades durante seu governo. A defesa segue contestando as acusações e reforçando a necessidade de acesso total às provas coletadas.
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Redação D1