Cícero Lucena relata drama vivido durante conflito no Oriente Médio: “Vivemos momentos de insegurança e solidariedade”; Ouça o que disse Cícero

De volta à capital paraibana após dias de tensão no Oriente Médio, o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), concedeu entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira (18) para relatar, de forma emocionada, os momentos dramáticos que enfrentou durante a missão institucional em Israel, que precisou ser interrompida por conta da escalada do conflito com o Irã.

Ao lado do filho e deputado federal Mersinho Lucena (PP), Cícero agradeceu publicamente o apoio que recebeu das embaixadas brasileiras, da articulação política no Congresso Nacional e da rede de solidariedade que se formou para garantir a segurança do grupo de brasileiros que estavam no país do Oriente Médio no momento da crise.

Durante a coletiva, Cícero compartilhou experiências marcantes da estadia em Israel, destacando a sensação constante de insegurança vivida por ele e pelos demais membros da comitiva. Segundo o prefeito, o grupo chegou a organizar turnos de vigilância entre si, com duplas que se revezavam durante as madrugadas para que todos pudessem ser alertados em caso de novo ataque aéreo ou acionamento de sirenes. “Quando a gente ia começar a dormir, parecia que acertava exatamente aquela hora. Então fazíamos turnos, porque um poderia estar cochilando e o outro precisava acordá-lo”, explicou.

Pacifista declarado, Cícero afirmou que o mais difícil foi manter a serenidade diante da responsabilidade de tranquilizar os familiares no Brasil, mesmo sem poder revelar totalmente a gravidade da situação. “A gente dizia uma coisa, mas por dentro estava vivendo outra. As notícias chegavam pela mídia internacional, cada país dando uma versão diferente, e isso aumentava ainda mais a pressão emocional”, relatou.

O prefeito também destacou episódios que demonstraram a corrente de solidariedade que se formou para garantir sua proteção. Um dos momentos mais simbólicos foi o encontro com o porta-voz do Exército de Israel. “Antes de começar a reunião, ele me procurou e disse: ‘Quero conhecer o prefeito de João Pessoa. Tenho amigos na Paraíba que me pediram para cuidar do senhor’”, contou emocionado.

Cícero ainda revelou que recebeu propostas de ajuda de parentes de brasileiros, inclusive de pessoas que se ofereceram para retirá-lo do país por via marítima, rumo à Grécia, tamanha era a preocupação com a segurança do grupo. Ele também mencionou o caso de uma brasileira, neta de uma desembargadora aposentada da Paraíba, que buscava integrar o grupo para sair de Israel, mas não conseguiu a tempo. “Felizmente, soubemos hoje que ela conseguiu retornar com outro grupo”, afirmou.

Apesar da gravidade da situação, Cícero ressaltou que em nenhum momento perdeu a fé ou se entregou ao desespero. “A fé me sustentou. Em nenhum momento me deixei dominar pelo medo. Fomos bem tratados, não nos faltou alimentação. A universidade onde estávamos fechou o restaurante, mas providenciaram refeições para todos.”

Ao final da entrevista, Cícero compartilhou, com bom humor, um momento de alívio: “Quando finalmente comuniquei que estava na fronteira, ouvi de casa que iam queimar meu passaporte para eu não viajar mais para canto nenhum.”

A experiência, segundo ele, serviu como lição de vida, um lembrete do valor da solidariedade humana e da paz. “Foi uma missão dura, mas nos mostrou o quanto o mundo ainda precisa se unir em torno do amor ao próximo e da construção de pontes, e não muros.”

Ouça o que disse Cícero:

Redação D1

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