PSOL protocola pedido de impeachment de Tarcísio na Alesp por ‘afronta a soberania nacional’

A bancada do PSOL na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) protocolou, nesta segunda-feira, 21, um novo pedido de impeachment contra o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). De acordo com a denúncia, o dirigente estadual cometeu crimes de responsabilidade ao “apoiar ataques do governo Trump contra o Brasil” e “agir para favorecer a fuga do ex-presidente Jair Bolsonaro”, investigado por tentativa de golpe de Estado.

“Tarcísio extrapolou suas atribuições enquanto governador, além de violar o dever de lealdade institucional ao se alinhar a interesses estrangeiros em meio a uma grave crise diplomática”, diz o documento, assinado pelos deputados estaduais Carlos Giannazi, Ediane Maria, Guilherme Cortez, Mônica Seixas e Paula da Bancada Feminista.

A ação ocorre em meio ao anúncio de tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos a partir de agosto de 2025. Trump disse que a medida era, em parte, um gesto de solidariedade ao ex-presidente Bolsonaro.

“Enquanto o Brasil sofre um ataque econômico e institucional sem precedentes, o governador de São Paulo se comporta como um agente a serviço de um projeto autoritário estrangeiro, que busca enfraquecer a soberania brasileira, fragilizar a democracia e subjugar a nossa economia”, diz Cortez em nota.

“Não podemos tolerar que um governador tenha condutas que ameacem as instituições e a soberania nacional. Tarcísio acha que Trump pode se meter em assuntos do judiciário e definir o curso de julgamentos. O governador deve responder por seus atos e deixar o cargo”, acrescentou a deputada Monica Seixas.

A ação lista desde o apoio do governador ao presidente americano — Tarcísio, por exemplo, publicou um vídeo usando um boné com o slogan da campanha trumpista — até a tentativa do governador de intervir junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela liberação do passaporte de Bolsonaro para que o ex-presidente pudesse “negociar” com Trump a não aplicação das tarifas ao Brasil, conforme publicou a Folha de São Paulo. Bolsonaro teve o passaporte apreendido pela Polícia Federal em fevereiro deste ano.

“Para a bancada do PSOL, essa atitude representa tentativa de obstrução da Justiça e favorecimento de um investigado que poderia fugir do País e colaborar com articulações para o estabelecimento de sanções ainda mais gravosas ao Brasil pelo governo americano”, ressalta o documento.

O governador negou em coletiva no início do mês que tenha entrado em contato com ministros do Supremo para solicitar autorização de viagem ao ex-presidente.

Na sexta-feira, 18, o governador saiu em defesa do padrinho político ao publicar em suas redes sociais que ele “sabe que estamos e seguiremos ao seu lado”.

Na sequência, o governador emendou que o ex-presidente foi humilhado: “Não conheço ninguém que ame mais este país, que tenha se sacrificado mais por uma causa quanto Jair Bolsonaro. Não imagino a dor de não poder falar com um filho. Mas, se as humilhações trazem tristeza, o tempo trará a justiça. Não haverá pacificação enquanto não encontrarmos o caminho do equilíbrio. Não haverá paz social sem paz política, sem visão de longo prazo, sem eleições livres, justas e competitivas. A sucessão de erros que estamos vendo acontecer afasta o Brasil do seu caminho. Força, presidente”, afirmou Tarcísio.

A declaração foi dada após o STF determinar uma série de medidas cautelares contra o ex-presidente, entre as quais o uso de tornozeleira eletrônica, a proibição de se aproximar de embaixadas e o recolhimento domiciliar aos fins de semana.

No inicio desse mês, logo após o anúncio das tarifas, o governador havia culpado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela taxação, alegando que o petista “colocou a ideologia acima da economia”, mas sem tecer críticas ao STF . Depois, Tarcísio se referiu ao tarifaço como “deletério”, e disse que “o esforço diplomático” de reverter a medida “cabe ao governo federal”.

O GLOBO procurou o governador Tarcísio de Freitas para comentar o pedido de impeachment do PSOL, mas ainda não recebeu uma resposta. O espaço para a manifestação segue aberto.

D1 com O Globo

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