Ao lado de Michelle, Tarcísio critica ‘tirania de Moraes’, e pede anistia: ‘deixa Bolsonaro ir pra urna, qual o problema?’

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou, neste domingo (7), que “ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Alexandre de Moraes”, disse que não há “nenhuma prova” ligando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e pediu que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, paute a anistia.

A fala foi feita durante discurso na Avenida Paulista, que foi convocado por lideranças da direita em defesa do ex-presidente e da anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

— Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como o Moraes, ninguém aguenta mais o que está acontecendo neste país. Será que a gente está vivendo um estado livre, democrático? Certamente não. É esse cenário que a gente tem que mudar. É por isso que a gente está aqui para dizer para o Hugo Motta, paute a anistia! Hugo, paute, paute a anistia! Deixe a Casa decidir, e eu tenho certeza que ele vai fazer isso porque trazer a anistia para a pauta é resgatar a justiça, é resgatar o país. Não podemos nos afastar do império da lei — falou, ao lado de Michelle Bolsonaro.

Em um discurso de cerca de 15 minutos, Tarcísio subiu o tom em relação ao STF, disse que Bolsonaro “é o único candidato” e pediu que ele dispute a eleição em 2026. O ex-presidente está inelegível até 2030, por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e o governador de São Paulo é considerado o principal nome para representar a direita na disputa ao Planalto no ano que vem.

— Só há uma forma de resolver isso, é a anistia ampla. Temos que viver num país onde as divergências sejam resolvidas na urna, deixa Bolsonaro ir para a urna, qual o problema? Ele é nosso candidato e tenho certeza que, ele indo para a urna, ele vai ganhar a eleição. Nós não vamos aceitar a ditadura de um poder sobre o outro, é isso que precisamos defender, chega do abuso, chega — acrescentou.

Tarcísio chamou os condenados pelo 8 de janeiro de “presos políticos” e disse que não se pode aceitar “que nenhum ditador diga o que a gente tem que fazer”

— Nós não vamos mais aceitar a imposição de um poder sobre o outro, vamos lutar para que a arbitrariedade tenha fim e tenho certeza que em pouco tempo vamos restabelecer a ordem desse país — afirmou para uma Avenida Paulista lotada, que entoou gritos de “fora, Moraes”. — Se toda trama, todo enredo, toda narrativa foi construída em cima de uma delação mentirosa, se não tem um texto, um áudio, vinculando Bolsonaro ao 8 de janeiro, é tudo muito fragil, muito tênue, como vamos admitir uma condenação?

Tarcísio defendeu a anistia “ampla e irrestrita” para retomar a tradição de “conciliação” do país, e que “se o PT existe hoje é porque houve anistia em 1979”, citando a Lei da Anistia relacionada à Ditadura Militar.

— A gente precisa se perguntar: liberdade, democracia representativa, Estado de direito, por que as vezes a gente é tão tímido para defender esses ideias? Não sejamos tímidos. Vamos defender a nossa democracia representativa e é fundamental que, para isso, as pessoas possam ser avaliadas nas urnas, é fundamental que tenhamos Jair Messias Bolsonaro na eleição do ano que vem. Só existe um candidato para nós, que é Jair Messias Bolsonaro — destacou.

O ato foi convocado por Silas Malafaia, pelo senador Flavio Bolsonaro (PL-RJ) e por outras lideranças da direita em defesa da anistia do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e dos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. A manifestação teve discursos e cartazes pedindo a absolvição do ex-presidente, que está em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), e pedidos de impeachment do ministro Alexandre de Moraes.

O julgamento de Bolsonaro e mais sete réus pela trama golpista ocorre na Primeira Turma do tribunal, e começou nesta semana com as alegações finais das defesas e da Procuradoria-Geral da República (PGR). A análise do caso será retomada a partir de terça-feira (9).

Bolsonaro responde pelos crimes de organização criminosa (pena de 3 a 8 anos, até mais 4 por emprego de arma de fogo e mais 5 anos pelo concurso de funcionário público); tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito (4 a 8 anos); golpe de Estado (4 a 12 anos); dano qualificado pela violência e grave ameaça (6 meses a 3 anos); e deterioração de patrimônio tombado (1 a 3 anos).

Além do ex-presidente, são réus na ação mais sete pessoas: Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil; Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal; Paulo Sergio Nogueira, ex-ministro da Defesa; Almir Santos Garnier, ex-comandante da Marinha; Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Abin; e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

D1 com O Globo

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