Quase 9 em cada 10 devedores são reincidentes na Paraíba, aponta SPC Brasil

A Paraíba registrou um crescimento de 4,95% no número de inadimplentes em agosto de 2025, em comparação com o mesmo mês do ano passado. Apesar do avanço, o índice ficou abaixo da média do Nordeste (7,64%) e do Brasil (9,20%), segundo dados do SPC Brasil. Na comparação mensal, de julho para agosto, a variação foi de apenas 0,12%, enquanto a média da região nordestina ficou em 0,63%.

O perfil do consumidor inadimplente no estado mostra maior concentração na faixa etária de 30 a 39 anos (25%), com predominância feminina (54,22%) sobre os homens (45,78%). Cada devedor deve, em média, R$ 4.770,72, sendo que quase 41% das dívidas não ultrapassam R$ 1.000. O tempo médio de atraso é de 30,5 meses, com destaque para os 35,63% dos consumidores que permanecem negativados entre 1 e 3 anos.

O número de dívidas em atraso também cresceu 11,14% em agosto de 2025 frente ao mesmo período do ano anterior, índice inferior ao Nordeste (13,68%) e ao Brasil (15,86%). O setor bancário lidera o volume de dívidas, representando 75,15% do total, seguido por comunicação (8,26%) e comércio (6,16%). Cada inadimplente paraibano possui, em média, 2,29 dívidas em aberto, número acima da média nacional (2,22).

Outro dado preocupante é a reincidência: 86,64% das negativações registradas em agosto no estado foram de consumidores que já haviam aparecido nos cadastros de inadimplentes nos últimos 12 meses. Desses, 67,31% ainda não tinham pago dívidas antigas, e 19,33% chegaram a quitar débitos, mas voltaram a ser negativados. O intervalo médio entre o vencimento de uma dívida e outra é de apenas 72,2 dias, indicando um ciclo de endividamento recorrente.

Em contrapartida, o indicador de recuperação de crédito apresentou queda expressiva. Em agosto, houve recuo de 18,85% no número de consumidores que conseguiram quitar dívidas e sair da lista de negativados, índice maior que a retração registrada no Nordeste (-16,94%) e no Brasil (-12,59%). O valor médio pago pelos consumidores recuperados foi de R$ 3.258,23, mas quase 45% das regularizações envolveram dívidas de até R$ 500.

Para o presidente da CDL João Pessoa, Nivaldo Vilar, os dados refletem tanto os desafios econômicos enfrentados pelas famílias quanto a necessidade de ampliar a educação financeira. “A inadimplência continua sendo um dos maiores entraves para o comércio e para a economia da Paraíba. Ao mesmo tempo, chama a atenção o alto índice de reincidência, ou seja, pessoas que conseguem quitar uma dívida, mas logo depois contraem outra. É um ciclo que precisa ser combatido com mais orientação, renegociação responsável e estímulo ao crédito saudável. O comércio local precisa do consumidor ativo, com poder de compra, e por isso acreditamos que ações conjuntas entre entidades, bancos e governo são fundamentais para reduzir a inadimplência e estimular o crescimento econômico”, destacou.

D1 com @politicaetc

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