Em 2025, pela primeira vez na história recente, as motos devem superar os carros de passeio nas vendas de veículos zero-quilômetro no Brasil. De janeiro a outubro, a diferença entre as duas categorias já ultrapassava 200 mil unidades. Ao mesmo tempo, o mercado de carros usados também cresce, com mais de 13 milhões de transferências previstas para o ano, sendo 11 milhões já contabilizadas entre automóveis e utilitários leves. O fenômeno reflete a dificuldade de muitos brasileiros em adquirir carros novos, que se tornaram menos acessíveis com a saída de modelos populares como Gol e Uno.
Segundo levantamento da consultoria K.Lume, hoje são necessários 52 salários mínimos para comprar o carro zero-quilômetro mais barato, o Renault Kwid 1.0 Zen, avaliado em R$ 78.690, enquanto há dez anos o Chery QQ podia ser adquirido com 30 salários mínimos. A valorização dos carros novos se deve à adoção de novas tecnologias, normas de emissões e segurança, aumento dos custos de produção e foco das montadoras em SUVs, mais confortáveis e rentáveis. Milad Kalume Neto, da K.Lume, comenta que “mudanças de motores para diminuição das emissões, mudanças no comportamento dos usuários, que querem, entre outras coisas, mais conectividade no automóvel, e itens de segurança oneraram os valores dos veículos nos últimos anos”.

A previsão da indústria indica vendas de cerca de 2,1 milhões de motos em 2025, uma marca inédita em 23 anos. O crescimento do mercado de duas rodas é atribuído à expansão dos serviços de delivery e à busca por veículos mais econômicos na manutenção e no consumo de combustível. Há treze anos, os carros de passeio eram vendidos em dobro em relação às motos, mesmo com preços mais altos, mas a atual conjuntura mostra uma mudança clara no perfil do consumidor brasileiro.
Difusora1 com informações do Estadão



