No comentário desta edição do Boca Quente – Parte Dois, o advogado e analista político Ian Braga voltou a direcionar suas críticas à estrutura institucional do país e à postura da classe política brasileira. Ao longo da semana, Braga já havia abordado temas como a relação de ministros do Supremo Tribunal Federal com empresas investigadas e as recentes mudanças no ajuste fiscal.
Desta vez, o foco do comentarista foi a reprovação das contas de 2018 do ex-prefeito de Santa Rita, Emerson Panta, pela Câmara Municipal, apesar do parecer favorável emitido pelo Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB).
Reprovação contradiz parecer técnico do TCE-PB
Braga relatou ter recebido a informação de que as contas de Emerson Panta foram rejeitadas pelos vereadores, decisão que considerou “perfeitamente normal” dentro do rito constitucional. A Constituição Federal determina que cabe às Câmaras Municipais julgar as contas anuais dos prefeitos.
Entretanto, o comentarista destacou o ponto que, para ele, subverte a lógica administrativa e fiscal:
“O que não é comum, o que não é plausível, é a reprovação das contas quando o parecer do Tribunal de Contas é pela aprovação.”
Ele frisou que os técnicos do TCE-PB — auditores concursados e especializados em análises contábeis — atestaram a regularidade das contas do exercício de 2018, recomendando a aprovação.
“Quem sabe mais? O auditor ou o vereador?”
Ian Braga questionou diretamente os ouvintes, apontando a disparidade técnica entre auditores e vereadores no julgamento de contas públicas. Em tom firme, afirmou:
“Não tem nenhum vereador, nenhum deputado estadual, nenhum agente político na Paraíba que saiba mais do que qualquer auditor do Tribunal de Contas.”
Para o comentarista, a decisão da Câmara de Santa Rita não tem justificativa técnica e se sustenta unicamente em interesses políticos locais. Ele classificou o episódio como mais um exemplo de imaturidade política.
Rompimento político teria motivado decisão
Segundo Braga, a rejeição das contas teria sido influenciada pelo rompimento entre o atual prefeito de Santa Rita e Emerson Panta, seu ex-aliado.
Para ele, a decisão revela como as disputas e vinganças políticas se sobrepõem à técnica:
“A politicagem reina. Os interesses de alguns poucos predominam.”
Braga sustentou que a rejeição pode ter sido usada como instrumento para tornar o ex-prefeito inelegível em futuras disputas eleitorais.
Diagnóstico duro da política nacional
Ao final de seu comentário, Ian Braga fez uma avaliação crítica do cenário político brasileiro como um todo:
“Lamentavelmente, na política nacional, a ausência de maturidade e a sobra de politicagem e interesses escusos é o que predomina.”
O analista concluiu reforçando que a falta de responsabilidade institucional continua minando a confiança nos órgãos públicos e prejudicando a democracia.
Assim, seu comentário se soma às análises da semana, nas quais vem apontando falhas estruturais, interferências indevidas e decisões políticas que, na sua visão, afastam o país de uma governança séria e comprometida com o interesse público.