Durante participação ao vivo no programa Boca Quente – Parte II, da Rádio Difusora Cajazeiras, nesta quinta-feira (31), o agricultor Jonas, da cidade de São José de Piranhas, fez um desabafo contundente sobre a situação enfrentada por pequenos produtores rurais da região diante da fiscalização ambiental, sobretudo em relação às queimadas e autuações aplicadas pelo Ibama.
Jonas relatou ter sido multado em quase R$ 49 mil após uma ação do órgão ambiental em uma propriedade na zona rural de Carrapateira, onde familiares haviam feito o uso do solo para plantio de subsistência. Ele destacou que, em muitas situações, os agricultores não têm acesso a informações claras sobre o que é permitido ou não, e reclamou da ausência de órgãos e associações locais para prestar orientação técnica e jurídica.
“A gente precisa plantar para sobreviver, criar gado, fazer uma broca pra um arroz, um milho, um feijão. Aí vem o Ibama e multa em quase cinquenta mil. Quem ajuda o agricultor? Quem orienta? Cadê as associações? Cadê a Secretaria?”, questionou.
O agricultor ainda denunciou o que chamou de “contradições no poder público”, citando o alto número de contratações em prefeituras durante períodos eleitorais enquanto o trabalhador rural enfrenta dificuldades para exercer sua atividade legalmente.
Em resposta à denúncia, o secretário de Agricultura do município de Carrapateira, Valciano, também participou do programa. Ele disse não ter ouvido integralmente a fala de Jonas, mas reconheceu que as queimadas são uma prática comum e muitas vezes feita sem o devido cuidado ou conhecimento das consequências.
“Hoje o pessoal faz queimada sem perguntar, sem se informar e sem pedir permissão. E a conta chega. O Ibama está aí. A lei é clara. A queimada, feita de forma errada, é crime ambiental”, alertou o secretário.
Valciano esclareceu que a responsabilidade direta sobre queimadas e fiscalização do meio ambiente recai sobre a Secretaria de Meio Ambiente, embora a Secretaria de Agricultura também esteja disponível para orientar os produtores.
“Estou todos os dias na Secretaria. Quem nos procura, recebe orientação. Se o agricultor nunca apareceu por lá, talvez esteja aí o problema. Estamos prontos para ajudar”, afirmou, acrescentando que, para demandas administrativas, os agricultores devem procurar diretamente o prefeito.
O secretário frisou ainda que sua crítica não se dirigia ao pequeno agricultor, mas sim àqueles que fazem uso de queimadas em larga escala para criação de pasto para grandes rebanhos, o que contribui para o desmatamento e mudanças climáticas.
📻 Diálogo necessário
O debate exibido ao vivo reflete o drama vivido por muitos agricultores sertanejos, que veem na terra e na agricultura familiar sua única fonte de renda, mas esbarram na rigidez da legislação ambiental e na falta de assistência técnica dos órgãos públicos.
A participação de ambos — agricultor e gestor público — evidencia a urgência de políticas mais claras de orientação, capacitação e apoio jurídico para os trabalhadores rurais, especialmente em tempos de mudanças climáticas e fiscalização ambiental intensificada.
Ouça o que disse o agricultor Jonas:
Ouça o qsecretário Valciano:
Redação D1