A demanda elevada e a oferta restrita de ovos no mercado têm feito o preço da proteína disparar entre fornecedores e varejistas. De acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o preço dos ovos de galinha subiu até 40% no atacado nesta semana. Esse aumento é impulsionado tanto pelo encarecimento da produção quanto pela maior busca dos consumidores pela proteína, devido à alta dos preços das demais carnes.
O vice-presidente da Abras, Marcio Milan, destaca que o setor segue monitorando a inflação generalizada dos alimentos e alerta que reajustes sucessivos podem impactar o consumo. “As empresas iniciaram a programação de abastecimento das lojas para atender à demanda sazonal da Quaresma, mas a restrição na oferta e os aumentos sucessivos de preços preocupam os supermercados”, afirmou Milan.
Paralelamente ao aumento de preços, o setor de ovos também enfrenta mudanças regulatórias. A partir de março de 2025, ovos vendidos sem rótulo, seja a granel ou em bandejas, deverão ter um carimbo na casca com a data de validade e o número de registro do estabelecimento produtor. A determinação faz parte de uma portaria do Ministério da Agricultura, publicada em setembro de 2024, que deu 180 dias para que os produtores se adequem.
A medida não se aplica aos ovos vendidos em estojos ou bandejas plastificadas com rotulagem completa, que são os mais comuns em supermercados. “Já os ovos vendidos ao consumidor final em bandejas, sem plastificação e rotulagem, precisarão da identificação individual na casca”, explicou José Eduardo dos Santos, presidente da organização avícola do Rio Grande do Sul e conselheiro do Instituto Ovo Brasil (IOB) e da Associação Brasileira de Proteínas Animal (ABPA).
A portaria também determina que a tinta utilizada para marcação da casca de ovos deve ser específica para uso em alimentos, atóxica e não representar risco de contaminação ao produto. Segundo Santos, essa exigência contribuirá para o controle sanitário e a rastreabilidade da produção. “A ausência de informações na casca dificulta a identificação da procedência do produto, comprometendo a segurança alimentar”, ressaltou.
Outra mudança relevante para o setor é a redução do peso médio dos ovos, resultado de uma portaria da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária. A nova classificação diminuiu o peso unitário do produto em quase 10 gramas, o que pode afetar o custo-benefício para o consumidor.
Com isso, os desafios enfrentados pelo mercado de ovos vão além do reajuste de preços e incluem a necessidade de adequação às novas regras de comercialização e a mudança nos padrões de classificação do produto. Os consumidores e varejistas precisarão se adaptar a esse novo cenário, equilibrando oferta, demanda e regulamentos mais rigorosos no setor.
Redação D1