Ambulantes da Rua Padre Manoel Mariano criticam relocação determinada pelo Ministério Público e pedem melhores condições de trabalho; assista

Uma enquete realizada nesta quinta-feira (23) pela repórter Josy Aquino, do portal Difusora 01, ouviu comerciantes ambulantes e transeuntes da Rua Padre Manoel Mariano, em Cajazeiras, sobre a recomendação do Ministério Público que determina a relocação dos feirantes para outro local, em frente à antiga Telemar. As opiniões entre os entrevistados revelam divergências: enquanto os ambulantes se mostram insatisfeitos com a medida, apontando dificuldades e prejuízos, parte dos pedestres apoia a retirada, alegando obstrução das calçadas.

O ambulante Francisco, que trabalha há anos na área, criticou a falta de diálogo e de estrutura para os trabalhadores. Segundo ele, as promessas de relocação com condições adequadas nunca se concretizaram.

“Querem tirar nós da calçada sem ter um ponto para colocar a gente. Disseram que iam deixar tudo pronto, até hoje nada. E quando fazem sorteio dos pontos, quem ganha é quem vem de fora, e a gente que está aqui todo dia, fica de fora”, reclamou.

Francisco também destacou a dependência econômica dos feirantes em relação ao trabalho nas calçadas e teme que a mudança leve à perda de renda.

“Nós sobrevivemos disso aqui. Se tirar a gente daqui, estamos ferrados. Vamos passar fome. O comércio é no centro. Na ponta de rua ninguém vende nada”, desabafou.

O vendedor Maílson, que comercializa frutas e verduras, reforçou a preocupação com a perda de clientela e as condições climáticas do novo espaço.

“A gente já tem uma clientela boa aqui. Se movimentar para outro canto, perde tudo. E lá é quente demais, ninguém aguenta. Manda quem fala pra gente ir pra lá passar um dia ali, pra ver se aguenta vender debaixo de uma lona”, criticou.

O ambulante Arnaldo, um dos mais antigos da região, afirmou trabalhar há mais de 15 anos na Rua Padre Manoel Mariano e contou que essa não é a primeira tentativa de relocação.

“Já é a terceira vez que a gente vai pra lá e volta pra cá. Lá não tem cobertura, não tem banheiro. Aqui a gente ainda pede ajuda aos vizinhos. Se fizerem a cobertura, pode até dar certo, mas enquanto isso, não tem como trabalhar lá”, afirmou.

Já entre os transeuntes, há quem apoie a medida. Maria de Fátima, que passa com frequência pela via, disse ter dificuldade de circular pelas calçadas por causa das barracas.

“Gostaria que isso fosse tirado mesmo, porque é difícil até pra gente passar. Um dia quase caí, fui me escorando na parede pra não cair”, relatou.

A relocação dos ambulantes foi recomendada pelo Ministério Público de Cajazeiras como medida para garantir a acessibilidade e a organização do espaço urbano. Entretanto, os comerciantes pedem que a mudança seja acompanhada de melhores condições de infraestrutura, como cobertura, banheiros e garantia de localização que mantenha o fluxo de clientes.

Enquanto o impasse persiste, os trabalhadores seguem aguardando uma solução que concilie direito ao trabalho e ordenamento urbano, evitando prejuízos às famílias que dependem do comércio informal para sobreviver.

Assista abaixo a enquete na integram:

Redação D1

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