Após uma dura queda em agosto, causada sobretudo pelo mercado de caminhões, o setor automotivo brasileiro voltou a crescer em setembro. As vendas de veículos aumentaram 7,9% em relação ao mês anterior, alcançando 243,2 mil unidades, segundo dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Na comparação com o mesmo mês de 2024, o aumento foi de 2,9%.
Segundo a entidade, o Programa Carro Sustentável alavancou as vendas em 24%. A medida do governo federal busca estimular a produção e o consumo de veículos menos poluentes.
— Houve recuo de mais de 8% nas vendas dos produtos nacionais no varejo, que só não foi maior por conta do Programa Carro Sustentável — disse o presidente da Anfavea, Igor Calvet.
Calvet acrescentou que dois mercados ainda geram incertezas para o setor: os Estados Unidos e a Argentina. No caso americano, há sinais de que a relação com o Brasil pode caminhar para a estabilidade. Já a Argentina, apesar das turbulências políticas, têm ampliado suas compras de veículos brasileiros.
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Apesar do bom desempenho nas vendas, a produção desacelerou. O país fabricou 243,4 mil veículos em setembro, uma queda de 1,5% em relação a agosto, influenciada principalmente pela redução na produção de caminhões e outros veículos pesados. Frente ao mesmo mês do ano passado, houve um avanço de 5,8%.
Em agosto, a indústria havia produzido 247 mil unidades, crescimento de 3% sobre julho, mas a queda nas vendas foi de 7,3%.
Segundo Calvet, a retração no segmento de caminhões segue sendo um grande problema para o setor. No acumulado de janeiro a setembro, as vendas de veículos pesados caíram mais de 20%. A taxa Selic em 15% ao ano também tem freado o mercado.
— Temos uma previsão de crescimento da economia, safra boa, mas também uma inadimplência crescendo no agro. Há uma demanda reprimida por caminhões pesados — disse em coletiva de imprensa durante a manhã, acrescentando:
— O grande fator para a queda desse mercado (de caminhões) é a manutenção da taxa de juros. O que nós estamos prevendo é uma redução dos juros no primeiro semestre do ano que vem, o que amplia a possibilidade de nós começarmos a sair de onde nós estamos.
A Anfavea projeta um crescimento de 5% nos emplacamentos em 2025, mas o resultado ainda está abaixo do esperado: as vendas acumuladas até setembro subiram apenas 2,8%. Para atingir a meta, o setor precisará registrar um avanço superior a 10% no último trimestre, número que o próprio Calvet admite ser “desafiador”.
Enquanto o mercado interno tenta ganhar fôlego, o setor exportador continua ganhando destaque. As exportações aumentaram 26,2% em setembro frente ao mesmo mês de 2024, puxadas pela Argentina.
No mês passado, as exportações tiveram o melhor desempenho desde junho de 2018, crescimento de 49,3% sobre agosto de 2024. No início do ano, a Anfavea previa que as exportações cresceriam 7% no ano, dado que foi revisado para mais de 30% e agora, no acumulado do ano, já chegou a 51,6%. Foram embarcadas 430.800 unidades em 2025, maior do que todo o volume de 2024.
Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo
D1 com O Globo