Boulos chama Nunes de ‘pai do apagão’ e promete contratar mais agrônomos e usar chips para evitar queda de árvores em SP

Após o prefeito Ricardo Nunes (MDB) desistir de participar do debate promovido pela RedeTV!/UOL e Folha de S.Paulo, o candidato Guilherme Boulos (PSOL) foi entrevistado por uma hora e usou o espaço pra fazer uma série de apontamentos sobre a gestão atual da crise do apagão vivida na capital paulista.

Na entrevista, Boulos chamou Nunes de “fujão” e “pai do apagão”, além de dizer que a atual gestão do prefeito não “fez a lição de casa” ao não podar das árvores da cidade e não fiscalizar o serviço da Enel na capital paulista.

“Essa crise dos apagões em São Paulo só vai acabar quando a gente tirar o Ricardo Nunes da prefeitura, porque esse apagão tem uma mãe e tem o pai. A mãe do apagão é a Enel uma empresa horrorosa, que vou trabalhar para tirar ela de São Paulo, e o pai é o Ricardo Nunes”, afirmou.

“A Enel presta um péssimo serviço que, aliás, é uma excelente resposta para aqueles que acreditam que privatização é a solução para todos os problemas. Uma empresa privada que assumiu piorou o serviço e tornou a conta mais cara. Ela demitiu funcionários e por isso demora mais para restabelecer energia. Agora, o pai dessa crise, o Ricardo Nunes, é um prefeito que ficou três anos e meio no cargo e não conseguiu fazer o básico que é fazer o manejo correto das árvores da cidade”, declarou o psolista.

“À Enel a responsabilidade que cabe é a de poda continua compartilhada, mas a remoção de árvores podres – que foram os principais casos de derrubada da rede elétrica- desde junho, é exclusiva da prefeitura. Por acordo feito pelo próprio Ricardo Nunes com a empresa. O Ricardo quer fugir das suas responsabilidades, mas isso não cola”, completou.

Boulos disse que, caso seja eleito, vai contratar mais engenheiros agrônomos para as subprefeituras cuidarem e fiscalizarem mais a saúde das árvores, além de usar tecnologia por chip para evitar as quedas delas durante as chuvas.

“O manejo a Prefeitura de São Paulo tá com 180 engenheiros agrônomos hoje. Esse quadro foi ficando defasado, porque muitos se aposentaram e não se abriu novo concurso. Eu vou repor esse pessoal para ter um número necessário de engenheiros agrônomos para acompanhar o serviço de poda e, ao você fazer isso, de uma maneira mais inteligente usando tecnologia e inovação”, declarou.

“O resultado [de uso da tecnologia] é que você não vai precisar esperar a reclamação de um cidadão. No sistema vão ver quais as árvores prioritárias, aquelas que estão com saúde mais debilitada com maior risco de cair”, propôs.

“Monitoramento da saúde das árvores via satélite e por chipagem de árvore São Paulo praticamente, não usa. Como é que funciona? Hoje, para remover uma árvore em São Paulo, tem que ter uma reclamação do morador ligando para 156, gente que espera mais de um ano são 7.600 pedidos na fila, hoje, com o método artesanal. Então, nós vamos trazer inovação e tecnologia que já existe em várias cidades do mundo para poder garantir que o serviço de poda seja zerado”, sugeriu.

O candidato do PSOL também afirmou que vai trabalhar pele enterramento de fios na cidade, mesmo esse sendo um projeto caro e lento.

“O aterramento de fio para fazer na cidade inteira de uma só vez é impossível então, o que que você precisa fazer mapear nos últimos apagões. Quais as partes da rede elétrica que tiveram interrupção mais frequente. Ou seja, as mais vulneráveis. Essas partes você tem que priorizar no aterramento de fio. Vou procurar o governo federal propor uma parceria para entrar com recurso próprio da Prefeitura e também recursos do governo Lula para a gente iniciar o enterramento dos fios a partir dessas regiões mais vulneráveis”, declarou.

Ausência de Ricardo Nunes

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) anunciou na madrugada desta quinta-feira (17) que não vai comparecer a mais um debate de 2° turno contra o adversário Guilherme Boulos (PSOL).

O debate promovido pelo pool de veículos de imprensa RedeTV, Folha de S. Paulo e UOL já estava agendado desde o primeiro turno. Os veículos se juntaram justamente para atender pedido do prefeito, que logo que avançou ao 2° turno declarou que deveria participar de apenas três debates.

Em comunicado distribuído pela campanha nesta quinta (17), Nunes justificou a ausência dizendo que participará no mesmo horário de uma reunião extraordinária convocada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para tratar de medidas contra a próxima chuva, que deve acontecer nessa sexta-feira (18) em todo o estado.

“Em razão da reunião extraordinária agendada pelo governador Tarcísio de Freitas, o prefeito Ricardo Nunes não poderá comparecer hoje ao debate pela Prefeitura de São Paulo promovido pelos veículos RedeTV, Folha de S. Paulo e UOL”, disse a nota.

“Desde a tempestade de sexta-feira passada, foram desmarcados diversos compromissos da campanha à reeleição, dando prioridade às urgências da Prefeitura. Estão em vista os cancelamentos de outras agendas eleitorais, por conta das mudanças climáticas previstas para sexta-feira. A campanha de Ricardo Nunes lamenta a ausência no evento de hoje e solicita a compreensão dos organizadores, do candidato adversário e do público”, completou.

Os organizadores do evento informaram que, com a ausência do prefeito candidato à reeleição, o evento será mantido apenas com a presença de Boulos, que será entrevistado por uma hora, a partir das 10h20.

Eles lamentaram o fato do prefeito e o governador não terem encontrado outro horário para a reunião extraordinária.

“Diante da decisão, os organizadores seguirão o regulamento e realizarão entrevista com o candidato do PSOL, Guilherme Boulos. Os organizadores lamentam que, após mais de uma semana de negociação com as campanhas, Nunes não tenha encontrado na agenda do governador horário diferente para a reunião. Em respeito aos eleitores, ao regramento e ao acordo debatido exaustivamente com as campanhas, será feita a entrevista com Boulos”, disseram os organizadores do evento.

No início do debate que virou sabatina, Boulos lamentou a ausência do adversário e afirmou que os eleitores da capital paulista “não aceita covardia”.

“Mais uma vez o Ricardo Nunes fugiu, ele já havia durante três anos e meio fugido das responsabilidades de prefeito. Só veio trabalhar no tempo de eleição. Agora, nessa semana, fugiu das responsabilidades dele em relação ao apagão, jogando sempre para os outros e nunca assumindo seus erros. Hoje ele foge do debate, porque tem medo de debater ideias. Eu quero dizer para vocês e vocês sabem o povo de São Paulo é um povo corajoso, o povo de São Paulo é um povo que não foge à luta e São Paulo não aceita covardia. São Paulo despreza covarde, eu tenho certeza que esse recado vai vir nas urnas no dia 27 é lamentável”, afirmou o psolista.

G1

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