A Paraíba registrou 194 denúncias de violência virtual contra crianças e adolescentes de janeiro a agosto deste ano, ocupando o segundo lugar no ranking nacional, atrás apenas de São Paulo. Os dados do Disque 100, canal do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, revelam um salto preocupante: apenas em agosto, foram 178 registros, ante apenas um em julho. João Pessoa lidera as ocorrências (115), seguida por Cajazeiras, com 39 denúncias, e Campina Grande, com 4.
O crescimento coincide com a repercussão do vídeo do youtuber Felca, que em agosto denunciou a adultização infantil e a exploração de menores nas plataformas digitais. O caso gerou mobilização nacional, incluindo a prisão do influenciador paraibano Hytalo Santos, mas expôs a lentidão na apuração de casos locais.
Ilustrando essa realidade, o caso da estudante Ana Patrícia Barbosa Cavalcanti, 16 anos, vítima de montagem racista em grupos de WhatsApp em agosto de 2024, ainda não teve andamento judicial. A mãe, Ana Carolina Brito, registrou Boletim de Ocorrência em setembro do mesmo ano, mas nunca foi chamada para depor. “Um ano já se passou. Só tento proteger minha filha”, desabafa.
O Ministério Público da Paraíba alerta que crimes como cyberbullying, abuso e exploração sexual são frequentes nas redes. A promotora Soraya Nóbrega defende maior capacitação de escolas e monitoramento parental. “A omissão é uma forma de cumplicidade. É necessário incentivar a denúncia e garantir punição”, afirma. Enquanto isso, projetos de lei buscam atualizar a legislação para responsabilizar plataformas digitais e aumentar o controle parental
D1 com Coisas de Cajazeiras

