A mesa-tenista paraibana Izzye Rolim vem alcançando patamares cada vez mais altos nas quadras Brasil afora. Atleta do Sport Sertão, de Cajazeiras, a jovem é a atual campeã paraibana nas categorias Sub-19, Sub-21, Adulto e Absoluto B. Além disso, é a terceira colocada no ranking nacional Sub-19, tudo isso com apenas 16 anos de idade.
Multiesportista desde a infância, a garota praticou outras modalidades antes de chegar àquela que se tornaria sua paixão de vida. Izzye, que se inspira no brasileiro Hugo Calderano e no chinês Xu Xin, encontrou-se com o tênis de mesa ainda durante o período da pandemia de Covid-19, em 2022, por meio da edição dos Jogos Escolares daquele ano. Desde 2023, é acompanhada pelo treinador Marcelo Martins, que destaca a crescente evolução dela a cada participação em campeonatos.
“Eu notei o esforço muito grande dela para jogar a modalidade. Tem muita dificuldade; como você pode perceber, não é algo comum. Mas ela permaneceu no treino por muito tempo, por mais de seis meses, mesmo sem condição nenhuma, e eu percebi um esforço muito grande dela, muito interesse em continuar. A gente vem evoluindo bastante, temos feito investimentos, procurando apoiadores, patrocinadores, e os resultados têm sido todos positivos”, destaca ele.
“Acredito que, em etapas nacionais que ela já foi — não sei quantas já foram, acho que já perdemos as contas, deve ter passado de 15 —, sempre ela disputa três ou quatro categorias. Então, se você colocar as 10 etapas — que foi muito mais —, ela jogou 30 categorias e, em todas elas, subiu no pódio, em todas. Nunca teve um campeonato, nunca teve uma competição em que ela não tenha subido no pódio em todas as categorias. E, dessas, acho que 70% foi campeã. Então, é um número muito expressivo e continua sempre aumentando, a gente nota a evolução”, acrescenta o treinador.
Além dos treinos diários, que duram, em média, duas horas, a rotina da jovem promessa inclui ainda acompanhamento com uma equipe multidisciplinar (formada por personal trainer, nutricionista, fisioterapeuta e psicólogo) e foco nos estudos. Apesar da carga intensa, Izzye afirma já estar adaptada ao ritmo.
“Antes, no começo, era mais difícil, porque tinha essa questão de adaptação. Nunca tinha acontecido isso na minha vida e depois teve essa transformação toda. Mas até que eu estou levando de uma boa maneira. Estou conseguindo me sair bem na escola, tirar notas boas, fazer os trabalhos físicos, os trabalhos mentais e os trabalhos na mesa. Está dando tudo certo”, garante.
Competições
Nos últimos dias, a paraibana disputou mais uma etapa da Copa Brasil, desta vez em Natal, no Rio Grande do Norte, e garantiu mais três medalhas.
“Para mim, foi uma competição muito boa. Eu percebi que eu consegui impor meu jogo, fazer bons jogos, evoluir bastante esse ano. Foram duas medalhas de ouro no Sub-19, que é a minha categoria, e consegui também na Sub-21, que é a categoria acima da minha. No Absoluto A, que é a categoria principal do Brasil, ainda consegui a terceira colocação. Acabei perdendo na semifinal, uma semifinal muito disputada, de 3 a 2, mas eu percebi que eu consegui fazer ótimos jogos lá e foi um ótimo resultado”, compartilhou.
A sertaneja voltou a competir em Blumenau, Santa Catarina, na sexta-feira (27), em mais uma etapa da Copa Brasil. Em seguida, a cajazeirense jogará a etapa de João Pessoa, da mesma competição, programada para acontecer de 11 a 13 de julho.
“No ano passado, fomos para mais competições. Foi o nosso primeiro ano no circuito, então, a gente meio que se atropelou um pouco na programação, no planejamento. Neste ano, fizemos um planejamento melhor. Estamos mais conscientes dos gastos, do que pode, do que não pode, de onde quer chegar. Hoje, ela já é a número 3 do Brasil, no Sub-19, entre milhares de atletas, e a nossa intenção mesmo é chegar bem para o Campeonato Brasileiro, que é a última competição do ano”, explicou o técnico da atleta.
Programa de capacitação
Recentemente, a esportista foi convidada a participar de um período de treinamentos intensivos, de 25 de junho a 3 de agosto, no clube Elase, em Florianópolis, Santa Catarina. Para custear gastos com hospedagem, alimentação e locomoção, ela lançou uma campanha de doações, e os interessados podem contribuir via Pix por meio da chave disponibilizada: (83) 99376-5899.
O treinador Marcelo Martins explica como se deu o convite: “No Brasil, existem muitas regiões em que o tênis de mesa é muito mais desenvolvido do que na Paraíba, pelas questões da tradição e dos investimentos no esporte. São Paulo, hoje, é o grande centro do tênis de mesa do país, exatamente em São Caetano do Sul, que é a cidade que tem o maior investimento do país, onde a maioria dos atletas da Seleção treinam. E o segundo polo é Santa Catarina. A maioria das cidades de Santa Catarina investe bastante, principalmente as prefeituras, e a de Florianópolis tem um investimento muito grande, onde surgiu um clube chamado Elase. Esse é um clube que está ganhando muitos títulos brasileiros e tem muitos bons atletas que estão sempre ali, batendo na porta da Seleção Brasileira, competindo com São Paulo”, comentou.
“Uma maneira que eles encontram para bater de frente com o grande investimento de São Caetano do Sul é trazer atletas de outros estados, já que não tem tantos atletas, principalmente na categoria feminina, na cidade de Florianópolis. Então, eles investem para que esses atletas treinem junto lá no Elase, que é um clube muito forte, e, no futuro, essas pessoas se desenvolvam até chegar a uma possível Seleção Brasileira”, complementou.
O período de experiência de 40 dias poderá ser ampliado caso a paraibana se adapte e atenda às expectativas dos responsáveis pelo clube. “Ela vai ter uma possibilidade, também, de passar um período bem maior lá, que pode chegar até um ano ou até mais, até que alcance os objetivos dela dentro da modalidade. É a primeira vez que um atleta de tênis de mesa da Paraíba recebe esse tipo de convite, até porque essa evolução do tênis de mesa catarinense vem acontecendo nos últimos anos”, elucida Marcelo.
Apoio
Izzye tem metas bem delimitadas para a carreira, que está só começando, e uma delas é disputar uma Olimpíada representando o Brasil. Para chegar aos objetivos, além de muita força de vontade, ela também conta com bastante incentivo.
“Além do pessoal do clube, que me apoia bastante, eu tenho o apoio do meu técnico, o Marcelo, que sempre me motiva e sempre faz com que eu evolua cada dia mais, melhorando como pessoa e como atleta. Também tenho o apoio total dos meus pais: eles, sempre que podem, me acompanham nas competições. Meus familiares… sempre que eu termino um campeonato, tem um vídeo deles gritando depois de ter assistido aos meus jogos. Meus amigos também sempre me mandam mensagens, e eu fico muito feliz com esse apoio, me incentiva a ser uma pessoa melhor, me incentiva a ser uma atleta melhor e continuar firme”, afirma a jovem.
D1 com Coisas de Cajazeiras
