China vai aprofundar reformas no campo para garantir abastecimento em meio à guerra comercial com os EUA

Tendo como pano de fundo o início de uma nova guerra comercial com os Estados Unidos, o governo da China anunciou suas prioridades para avançar ainda mais com reformas rurais garantindo o abastecimento de produtos agrícolas e evitando que haja desabastecimento e aumento da pobreza. O “documento central número 1” para 2025 foi divulgado neste domingo e, segundo o texto, reforça a inovação científica e uso de tecnologia como ferramentas fundamentais para atingir esse objetivo.

A China é a maior produtora de arroz do mundo, e também grande produora de soja, milho e trigo. Mas sua produão não é suficiente para atender o mercado interno e o país compra soja e milho dos Estados Unidos, bem como carne bovina e de suínos.

As importações desses produtos americamos têm caído nos últimos anos, já que país asiático vem diversificando seus fornecedores. O desponta como o principal concorrente dos EUA na venda desses produtos aos chineses. No ano passado, por exemplo, as exportações de soja dos EUA para a China caíram quase 6%, enquanto as compras do produto brasileiro.

Em 2023 e 2024, os chineses importaram 69 milhões de toneladas de soja brasileira, uma alta de 29% em relação ao início desta década. Com as tensões aumentando entre Pequim e Washington, o Brasil pode se beneficiar ainda mais.

O documento divulgado neste domingo pelo governo chinês fala em aprofundar ainda mais as reformas para a revitalização rural. Sendo a primeira declaração política divulgada anualmente pelas autoridades centrais da China, o documento é visto como um indicador de prioridades políticas e de como o país asiático pretende se posicionar diante das ameaças do presidente americano Donald Trump.

O texto apela para que os chineses que produzem alimentos no trabalho agrícola redobrem os esforços para consolidar ainda mais as bases da agricultura chinesa.

“Com a reforma e a abertura, bem como a inovação científica e tecnológica como força motriz, o país salvaguardará a segurança dos grãos e garantirá que não ocorra nenhuma queda ou recaída em grande escala na pobreza”, afirma o documento.

O texto diz ainda que o país fará todos os esforços para melhorar a eficiência agrícola, revigorar as áreas rurais e aumentar a renda dos agricultores, estabelecendo assim uma base sólida para o avanço da modernização chinesa.

Reformas começaram nos anos 70

As reformas rurais na China começaram no final dos anos 1970, mas ganharam impulso nos anos 90. A posse dos direitos contratuais de terras agrícolas, que era de 15 anos, passou a ser de 30 anos a partir de 1998.

A partir de 2014, ficou permitido que as famílias que posseum os direitos sobre a terra poderiam terceirizar a gestão. Entidades governamentais ligadas ao Ministério da Agricultura ajudam essas famílias a terem produção padronizada, eficiente e em escala.

Em 2015, foi criado um programa para desenvolver terras aráveis de alto padrão de forma a aumentar a produtividade em grãos de 10% a 20%. O objetivo é desenvolver 5,3 milhões de hectares adicionais de terras agrícolas, elevando o total para 53,3 milhões de hectares.

O governo também vem aumentando o financiamento ao campo. Dois bilhões de yuans (US$ 287 milhões) foram liberados recentemente do orçamento para um programa de treinamento de agricultores com ténicas modernas de plantio. Até um milhão de agricultores devem ser treinados.

D1 com O Globo

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