Corporativismo cresce e Câmara dificulta cassação até de condenados

A Câmara confirmou que não haverá mais cassação expressa de parlamentares. No caso de Carla Zambelli, o relator Diego Garcia (Republicanos-PR) afirmou que qualquer perda de mandato dependerá do aval dos deputados, independentemente do partido. O corporativismo não se restringe ao bolsonarismo: Glauber Braga (PSOL-RJ) teve processo autorizado no Conselho de Ética, mas seu caso também não avançou. Mesmo assim, bolsonaristas aparecem como maioria nesse movimento. Além de Zambelli, dois aliados do ex-presidente vivem no exterior para escapar da Justiça.

Entre eles está Eduardo Bolsonaro, que não aparece na Câmara desde fevereiro, participou de apenas 13 sessões em 2025 e mantém nove assessores que custaram mais de R$ 1 milhão no ano. Ele deixou o Brasil para evitar investigações do STF, vive nos EUA, articulou para que o país sofresse sobretaxas do governo Donald Trump como pressão sobre o Judiciário e virou réu por coação nesta semana, podendo perder o mandato se for condenado. Alexandre Ramagem (PL-RJ), condenado pelo STF no processo sobre tentativa de golpe, também saiu do país sem autorização judicial e vive nos EUA. Mesmo assim, apresentou notas de abastecimento de um posto no Rio. Eduardo, Ramagem e Zambelli estão com salários bloqueados por ordem do STF, mas só Zambelli enfrenta processo de cassação na Câmara. No caso de Eduardo, a expectativa é que ele perca o mandato por faltas no ano que vem.

Antes, deputados evitavam confrontar a Justiça e renunciavam para não serem cassados, como José Dirceu e Roberto Jefferson, cassados no mensalão em 2005; Pedro Henry, que renunciou em 2013; e Valdemar Costa Neto, que teve a carta de renúncia lida enquanto se apresentava na Papuda. José Genoino entregou sua renúncia no momento em que a Mesa da Câmara votaria sua perda de mandato. Após o mensalão, parlamentares aprovaram uma emenda constitucional que condicionou a cassação, inclusive após condenação judicial, ao aval do Congresso, mudança que hoje sustenta a blindagem a casos como os de Zambelli, Eduardo Bolsonaro e Ramagem.

Difusora1 com informações do UOL

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