A economia da Argentina contraiu em junho pelo quarto mês consecutivo neste ano, pouco antes da alta nas taxas de juros em julho, um pequeno revés para o presidente Javier Milei antes das eleições intermediárias de outubro.
A atividade econômica caiu 0,7% em relação a maio, abaixo das estimativas dos economistas, que apontavam para uma queda de 0,2%. Em relação ao ano anterior, a economia cresceu 6,4%, acima do esperado, de acordo com estatísticas do governo divulgadas na quarta-feira.
A queda na atividade em junho está alinhada com o recuo nos gastos do consumidor nos últimos meses, já que os salários ajustados pela inflação caíram para território negativo no início do ano.
Apesar da safra agrícola da Argentina impulsionar as exportações e do forte crescimento nos campos petrolíferos argentinos, as perspectivas para o consumidor permanecem frágeis depois que o desemprego no primeiro trimestre atingiu seu nível mais alto em quase quatro anos.
Em julho, as taxas de juros dispararam quando o governo liquidou as reservas de notas do banco central e o peso caiu 12%, o que, segundo a opinião generalizada dos economistas, deverá enfraquecer ainda mais a atividade econômica.
Esta semana, a TAMAR, a taxa que rege os depósitos privados, atingiu uma taxa anual de 56%, um recorde histórico desde a sua criação, em comparação com as expectativas de inflação para os próximos 12 meses abaixo dos 30%.
Os argentinos irão às urnas no início de setembro para votar na legislatura provincial de Buenos Aires e, posteriormente, para renovar o congresso argentino no final de outubro. Espera-se que as eleições sejam um referendo sobre o governo de Milei.
Os economistas prevêem um crescimento de 5% para o ano, de acordo com a pesquisa mensal do banco central de julho.
Superávit comercial
A Argentina registrou um superávit comercial de US$ 988 milhões em julho, uma redução de US$ 470 milhões em comparação ao mesmo período de 2024, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censo (Indec).
Ao todo, as exportações cresceram 7,5% em termos anuais, somando um total de US$ 7,72 bilhões, enquanto as importações aumentaram em 17,7%, com um montante de 6,73 bilhões.
Os veículos de passageiros representaram a principal alta entre os bens importados, com crescimento de 135,3% em comparação ao período homólogo, seguido pelos bens de capital (51,9%) e bens de consumo (47,6%).
Já o crescimento das exportações foi puxado pelos produtos primários (commodities), cujo percentual aumentou em 22,8% em relação a julho de 2024.
D1 com O Globo