O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) voltou a defender a PEC da Blindagem como essencial para preservação do Legislativo brasileiro. Ao lado do senador Magno Malta (PL-ES), os dois participaram na manhã de hoje do congresso “Brasil: democracia ou ditadura?”, realizado em Roma por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O que aconteceu
Questionado pelo UOL se a proposta não abriria caminho para a impunidade, na entrada do evento, reagiu: “Quem pune o ministro do Supremo que comete crime? Ninguém, né? Tá respondida sua pergunta”.
Durante sua fala no congresso, ele voltou ao tema e defendeu a proposta como essencial. O encontro foi organizado por apoiadores do ex-presidente que vivem na capital italiana e também nos Estados Unidos. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ainda deve participar remotamente.
“As votações são influenciadas por pressão de políticos do Supremo. (…) A partir do momento que o ministro do Supremo abre um processo contra parlamentares por nada, está colocando atrás das grades parlamentares por nada. Me parece o único instrumento razoável que tem sobrevivência do Poder Legislativo. Essa PEC, para mim, é a PEC da sobrevivência, não a PEC da impunidade”, Flávio Bolsonaro, senador.
Filho do ex-presidente também se mostrou confiante na aprovação de uma anistia “ampla, geral e irrestrita”. “Quando eu voltar para o Brasil, eu vou conversar com ele [relator Paulinho da Força (Solidariedade-SP)] para explicar que as pessoas não têm que ter redução de pena. Simplesmente porque as pessoas estão sendo acusadas de crimes que elas não cometeram.”.
Já Magno Malta conduziu uma oração de cerca de cinco minutos e falou que o Brasil e o mundo enfrentam “um momento difícil”. Ele criticou o que classificou como uma tentativa de o Estado ocupar o lugar de Deus: “Controlando a vida, a morte, as liberdades e as punições”. Ele agradeceu a Deus pelas famílias e pelo Brasil, mas lamentou o que chamou de “perda da democracia”.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro também participou do evento por meio de uma videochamada na parte da tarde. Sua fala foi de cerca de 15 minutos, e afiada. Disse que Moraes, ao bloquear suas contas correntes e as de sua esposa, “está induzindo os seus filhos à inanição”. “Se coloque no lugar dos meus filhos. Você vai congelar as contas bancárias do pai e da mãe. Como é que os filhos pequenos desse casal vai sobreviver?”, questionou.
O evento ocorreu no Hotel dei Congressi, no bairro EUR, em Roma, com uma programação marcada por atrasos, mudanças de última hora e problemas técnicos. Segundo os organizadores, havia 130 inscritos, embora a sala tivesse capacidade para 150 pessoas, e pouco mais da metade compareceu.
Crise política é culpa de Moraes, diz Flávio
Flávio atribuiu a crise política no Brasil ao ministro do STF, Alexandre de Moraes. “A culpa é exclusivamente do Alexandre de Moraes. E não se resolve o problema porque o Lula é um incompetente, um canalha. Ele prefere a imagem dele melhorando do que o Brasil melhorando”, disse.
Na visão do senador, a situação só vai melhorar com o impeachment de Moraes e aprovação da anistia. “Eu tenho certeza que isso tudo vai se resolver. Quando nós fizermos nossa parte, as instituições voltarem a funcionar, o Alexandre de Moraes sofrer o impeachment dele e a anistia for aprovada no Congresso”.
Para Flávio, taxações impostas pelos Estados Unidos não foram exageradas. Na avaliação do senador, os EUA só entraram no tema porque Moraes “persegue empresas americanas” e “sanciona cidadãos americanos”, disse, em referência a decisões do Supremo que atingiram as big techs. Rumble e a Trump Media acionaram a Justiça dos EUA contra o ministro.
Neste domingo, Flávio e Malta participam ainda da festa anual do partido de extrema direita Liga Norte. A previsão é de que eles se encontrem com o ministro da Infraestrutura e Transportes da Itália, Matteo Salvini.
Visita a Carla Zambelli
Ontem, Flávio e Malta visitaram a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) na penitenciária feminina de Rebibbia, em Roma. Ela está presa desde julho, aguardando o julgamento de seu processo de extradição ao Brasil. A visita contou também com os senadores Damares Alves (Republicanos-DF) e Eduardo Girão (Novo-CE), que retornaram ao Brasil na manhã deste sábado e não participaram do congresso.
Flávio defendeu a parlamentar após uma visita de cerca de duas horas. “Não tem motivo para a Zambelli ser extraditada. Não tem porque ela continuar presa, no meu ponto de vista, ela tinha que estar livre. E no pior dos casos, ela tinha que estar no domiciliar pelo menos”, disse.
O grupo afirma que a parlamentar é inocente e perseguida política — Zambelli fugiu do Brasil após ser condenada a dez anos de prisão pelo STF. Por unanimidade (5 a 0), a Primeira Turma do Supremo condenou a deputada e o hacker Walter Delgatti Neto pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica. “Não é uma questão de direita, de esquerda. É uma questão de humanidade à deputada mais votada da história do país”, disse Girão.
Bolsonaristas estreitam laços com a extrema direita italiana e defendem anistia
O evento faz parte da tentativa de bolsonaristas de estreitar laços com partidos de direita na Itália. Segundo Laiza Castro, do grupo Pátrios de Roma, que ajudou a organizar o congresso, o foco inicial era a visita à deputada Carla Zambelli, presa na Itália: “Era importante mostrar solidariedade, mostrar que ela não está sozinha”.
Esses grupos são formados por brasileiros que vivem no exterior e que, nos últimos anos, se articularam de forma mais intensa. Além de apoiar o ex-presidente Jair Bolsonaro, também se mobilizam para dar suporte a conterrâneos que deixaram o Brasil após o envolvimento nos atos golpistas de 8 de janeiro. A iniciativa foi organizada pelo movimento Yes Brasil EUA, que possui ramificações em diversos países, em parceria com os Pátrios de Roma e com o apoio da rede de patriotas na Europa.
A data do congresso já havia sido definida há algum tempo, mas acabou coincidindo com o evento anual promovido pela Liga Norte. O partido de extrema direita é liderado pelo ministro da Infraestrutura e Transportes da Itália, Matteo Salvini. O encontro acontece em Pontida, pequena cidade no norte da Itália.
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D1 com Uol


