Governadores de direita atacam reação de Lula ao tarifaço com acusação de ‘radicalização’ e ‘irresponsabilidade’

Em evento com agronegócio promovido em São Paulo pelo BTG Pactual, governadores de direita criticaram a forma como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem conduzido a reação ao tarifaço imposto pelo governo Donald Trump, acusando o Palácio do Planalto de radicalizar o discurso e de “irresponsabilidade política”.

    Juntos no palco, os governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo), Ronaldo Caiado (Goiás), Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) e Ratinho Júnior (Paraná) também acusaram o governo de negligenciar o ajuste fiscal, enquanto defenderam políticas de corte e reformas promovidas localmente.

    Sobre o tarifaço, Ronaldo Caiado voltou a acusar o governo de Lula pelas consequências da crise com os Estados Unidos, sem citar as articulações de bolsonaristas com a Casa Branca. O governador de Goiás, pré-candidato à presidência em 2026, afirmou que o presidente tem radicalizado o discurso, e governado com “marqueteiro”, em vez de consultar ministros.

    — Nós não sabemos a que ponto de irresponsabilidade ele vai querer levar (o país) com esse discurso de ontem à noite. Mas tudo isso sendo feito, radicalizando cada vez mais, como se Brasil pudesse decidir qual é a moeda a ser substituída no dólar — disse Caiado.

    O presidente Lula afirmou na terça-feira, em entrevista, que iria apresentar um pacote de R$ 30 bilhões em crédito para setores afetados pelo tarifaço. Em paralelo, o presidente tem trabalhado para estreitar as relações com países dos Brics, o que incluiu, nos últimos dias, ligações para os principais mandatários do bloco, como Xi Jinping, da China, Vladimir Putin, da Rússia, e Narendra Modi, da Índia.

    Ratinho Júnior, do Paraná, que também tem flertado com uma candidatura presidencial em 2026, acusou o governo Lula de enfraquecer a diplomacia brasileira. Em um segundo momento, ele afirmou que “comer um jabuticaba e fazer um videozinho” não iria resolver os problemas do país.

    — A diplomacia brasileira era reconhecida no planeta há mais de 150 anos como uma das melhores do mundo em capacidade de achar solução comercial e hoje nós estamos perdendo isso, desmoralizando esse ativo por irresponsabilidade política. Então eu penso que essa safra de governadores têm muito a contribuir com o Brasil, em especial para o futuro, para que a gente não tenha uma estrada em que a gente não saiba onde vamos chegar.

    Em vários momentos, a plateia formada por investidores e empresários do agronegócio aplaudiu os governadores quando criticaram o presidente. Tarcísio foi aplaudido quando disse que o Brasil “não aguenta mais o Lula e não aguenta mais o PT”. Durante a mesa de pouco mais de uma hora, o governador paulista e Eduardo Leite evitaram tratar do tarifaço e focaram as críticas ao governo na questão fiscal.

    Os quatro afinaram o discurso ao se colocarem como uma “nova safra” de governadores que seria uma alternativa política ao governo atual. Durante a mesa, defenderam que responsabilidade nas contas públicas é condição para manter programas sociais e investimentos, citando cortes de cargos e secretarias, privatizações e redução de benefícios tributários em seus estados como exemplos.

    Eduardo Leite defendeu que não há oposição entre ajuste fiscal e políticas sociais, enquanto Tarcísio de Freitas destacou que medidas de eficiência administrativa e parcerias com a iniciativa privada aumentaram a capacidade de investimento de São Paulo. Caiado, mais incisivo, acusou Lula de não ter compromisso com o equilíbrio fiscal e de adota uma postura “populista” que comprometeria a saúde financeira do país.

    D1 com O Globo

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