O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), gerou polêmica ao criticar o prazo de inelegibilidade de oito anos imposto pela Lei da Ficha Limpa. Em suas declarações, Motta afirmou que esse período é excessivamente longo e comparou-o a “uma eternidade”, considerando que corresponde a quatro ciclos eleitorais. Ele argumenta que, com eleições a cada dois anos, a inelegibilidade de oito anos impede uma renovação democrática eficiente e limita as opções para o eleitor.
Motta, porém, deixou claro que, apesar de sua opinião sobre a duração da inelegibilidade, não há intenções da presidência da Câmara de modificar a lei. “Não há compromisso ou desejo de mudar a lei”, afirmou, ressaltando que qualquer proposta de alteração será discutida com o colégio de líderes da Casa. A declaração é vista como uma tentativa de equilibrar as opiniões divergentes dentro do Congresso, mas também trouxe à tona debates sobre os limites da legislação.
A posição do presidente da Câmara ecoa a de outros parlamentares que consideram o prazo de inelegibilidade um obstáculo excessivo para a democracia. A crítica vem no contexto de uma crescente pressão para reformar a Lei da Ficha Limpa, especialmente entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Essa discussão se intensificou após o deputado Bibo Nunes (PL-RS) apresentar um projeto que propõe reduzir o prazo de inelegibilidade de oito para apenas dois anos, o que permitiria a Bolsonaro se candidatar novamente nas eleições de 2026.
Entretanto, a proposta de flexibilizar a Lei da Ficha Limpa gerou reações polarizadas no Congresso. Para seus defensores, a medida garantiria uma maior representatividade e evitaria que a democracia fosse “congelada” por um longo período. Por outro lado, críticos apontam que a mudança poderia enfraquecer a confiança pública nas instituições eleitorais e permitir que políticos com processos judiciais por trás continuem com acesso às urnas em tempo reduzido.
É importante destacar que a discussão sobre a inelegibilidade de oito anos vai além da questão de Bolsonaro e atinge todo o sistema político brasileiro. A mudança desse parâmetro pode afetar diversos líderes partidários e abrir um novo debate sobre como fortalecer as instituições sem abrir mão dos princípios de justiça e da transparência eleitoral. O futuro da Lei da Ficha Limpa está em jogo, e é essencial que os cidadãos e representantes políticos se atentem às implicações de qualquer alteração.
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