O presidente Luiz Inácio da Silva telefonou na noite desta segunda-feira ao líder chinês . O telefonema durou cerca de uma hora e ocorreu um dia após o presidente americano, Donald Trump, dizer esperar que a China quadriplique a quantidade de soja que compra dos Estados Unidos. O país asiático é o maior parceiro comercial do Brasil e a soja é o principal produto da pauta de exportação brasileira à China.
Os dois líderes “trocaram impressões sobre a atual conjuntura internacional e os recentes esforços pela paz entre Rússia e Ucrânia”, segundo nota divulgada pelo Palácio do Planalto. Ambos concordaram sobre o papel do G20 e do BRICS na defesa do multilateralismo.
“O presidente Lula reiterou a importância que a China terá para o sucesso da COP 30 e no combate à mudança do clima. O presidente Xi indicou que a China estará representada em Belém por delegação de alto nível e que vai trabalhar com o Brasil para o êxito da conferência”, prossegue a nota.
Os chefes de Estado também conversaram sobre as relações bilaterais entre os dois países e “comprometeram-se a ampliar o escopo da cooperação para setores como saúde, petróleo e gás, economia digital e satélites”. Lula e Xi também manifestaram disposição em “identificar novas oportunidades de negócios entre as duas economias”.
Brasil e China fazem parte do BRICS, bloco econômico cuja pauta principal é o multilateralismo, e que é visto por Trump como adversário.
Lula já conversou recentemente com outros dois líderes do BRICS: o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, na quinta-feira, e com o presidente russo Vladimir Putin, no sábado.
O telefonema com Modi também foi solicitado por Lula e ocorreu um dia após o presidente americano impor uma tarifa adicional de 25% à Índia, elevando a sobretaxa para 50%, mesmo patamar do tarifação imposto ao Brasil. Lula tem articulado uma reação conjunta com outros países afetados pelas tarifas.
Lula e Modi têm boa relação diplomática, apesar das diferenças ideológicas: o indiano é conservador, nacionalista e de direita. Modi veio à cúpula do Brics em julho, no Rio de Janeiro, e após o evento visitou Lula em Brasília, tendo firmado acordos bilaterais com o Brasil no Palácio da Alvorada.
Já o telefonema de Putin partiu do próprio líder russo. Na ligação, que durou cerca de 40 minutos, o russo “compartilhou informações a respeito de suas discussões em curso com os Estados Unidos e os recentes esforços pela paz entre Rússia e Ucrânia”, de acordo com nota do governo brasileiro.
“O presidente Lula enfatizou que o Brasil sempre apoiou o diálogo e a busca de uma solução pacífica e reafirmou que o seu governo está à disposição para contribuir com o que for necessário, inclusive no âmbito do Grupo de Amigos da Paz, lançado por iniciativa de Brasil e China”, diz a nota.
“Os presidentes também discutiram o atual cenário político e econômico internacional. Falaram sobre a cooperação entre ambos os países no âmbito do BRICS. O presidente Putin parabenizou o Brasil pelos resultados da Cúpula do BRICS realizada nos dias 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro. Na esfera bilateral, reforçaram a intenção de organizar a próxima edição da Comissão de Alto Nível de Cooperação Brasil-Rússia ainda este ano”, conclui o documento.
D1 com O Globo