O médico Fernando Paredes Cunha Lima, de 81 anos, acusado de estupro e abuso sexual infantil durante atendimentos médicos, foi transferido nesta quarta-feira (14) para a Penitenciária de Segurança Média do Valentina de Figueiredo, em João Pessoa. O pediatra estava preso em Pernambuco desde o dia 7 de março, após ser localizado e detido em uma praia do estado vizinho.
A transferência só foi possível após a Justiça da Paraíba pressionar formalmente as autoridades de Pernambuco para esclarecerem os entraves que estavam impedindo a remoção do médico ao estado paraibano. Um ofício foi expedido pela juíza Virgínia Gaudêncio de Novais, destinado à Secretaria Executiva de Ressocialização de Pernambuco (SERES-PE), ao Juízo da 1ª Vara de Execuções Penais de Pernambuco e à Vara de Execução Penal de João Pessoa, exigindo providências imediatas.
A prisão preventiva de Fernando Cunha Lima foi determinada no dia 5 de novembro de 2024 pela Câmara Criminal do Tribunal de Justiça da Paraíba, após denúncia formal apresentada pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB). O relator do caso, desembargador Ricardo Vital de Almeida, destacou que o médico se aproveitava da confiança de pacientes e familiares para cometer os crimes e alertou para o risco de que, em liberdade, ele voltasse a delinquir. “Somente a prisão impedirá a prática de novos delitos”, justificou o magistrado.
As investigações tiveram início após a denúncia de estupro de uma criança de 9 anos, durante uma consulta ocorrida em 25 de julho de 2024, em João Pessoa. A partir da repercussão, outras vítimas começaram a surgir. Segundo o advogado Bruno Girão, que representa as famílias das vítimas, pelo menos 20 pessoas entraram em contato relatando situações semelhantes, embora nem todas tenham formalizado as denúncias. Das quatro que já oficializaram os relatos, duas são sobrinhas do médico e as outras duas, mães de pacientes atendidos por ele.
Ao ser conduzido à Cidade da Polícia Civil, no bairro do Geisel, na capital paraibana, Fernando Cunha Lima ironizou a situação. “Com as minhas doenças eu não vou ficar preso, vou ficar só dois dias e saio”, disse. O médico declarou inocência e tentou minimizar as denúncias: “Tenho 55 anos de pediatria, 20 mil clientes. Por que só duas ou três dizem isso?”.
Apesar da alegação de inocência, a gravidade das acusações, o padrão de comportamento descrito nas denúncias e a condição de médico em atuação com crianças levaram o Judiciário a manter a prisão preventiva como forma de proteger potenciais novas vítimas e garantir a ordem pública. A Polícia Civil da Paraíba segue investigando o caso e apurando outras possíveis ocorrências ao longo da carreira do médico.
Redação D1