Uma comitiva de senadores desembarcou neste sábado em Washington (EUA) com o objetivo de tentar negociar uma redução no tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produtos importados do Brasil.
Eles devem se reunir com empresários norte-americanos na segunda-feira e com parlamentares tanto dos partidos Republicano como Democrata na terça-feira.
O grupo adotou como estratégia não informar antecipadamente o nome das autoridades com quem irão se reunir para evitar que sejam alvos de ataques de bolsonaristas. Não há, até agora, previsão de reunião com integrantes do governo Trump.
A comitiva é formada por senadores da oposição e da base do governo Lula. Na última semana, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criticou a ida dos senadores aos Estados Unidos, dizendo que isso era um “gesto de desrespeito à clareza da carta do presidente Trump”. Na visão de Eduardo, a única solução para reverter o tarifaço é aprovar uma anistia “ampla, geral e irrestrita” aos acusados de participar de atos golpistas, o que poderia beneficiar diretamente o seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Nesta segunda, estão previstas reuniões:
- Café na Embaixada brasileira
- Reunião com advogados especialistas em relações com o Congresso americano
- Reunião com o grupo Eurasia
- Almoço com Conselho Empresarial Brasil-EUA
- Encontro com o grupo Político
O líder da comitiva e presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, o senador Nelsinho Tradi (PSD-MS), evitou comentar as declarações de Eduardo e afirmou que as reuniões são uma “forma de estender a mão para o diálogo” e “restabelecer pontes”.
— O Senado basileiro, por meio da missão criada pela Comissão, estende a mão para o diálogo e espera que o Congresso norte-americano reconheça esse gesto como uma oportunidade para superar tensões e buscar soluções que preservem empregos, cadeias produtivas e relações históricas entre os dois países.
No Brasil:
O senador do PSD, que apoiou Bolsonaro nas últimas duas eleições, desembarcou neste sábado em Washington.
Também fazem parte do grupo os senadores:
- Tereza Cristina (PP-MS)
- Astronauta Marcos Pontes (PL-SP)
- Espiridião Amin (PP-SC
- Fernando Farias (MDB-AL)
- Carlos Viana (Podemos-MG)
- Jaques Wagner (PT-BA)
- Rogério Carvalho (PT-SE)
No início de julho, Trump enviou uma carta endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciando que taxaria em 50% as mercadorias brasileiras. Ele ligou essas taxas à condução do Supremo Tribunal Federal (STF) na ação penal que processa Bolsonaro por articular uma trama golpista para mantê-lo no poder.
A missão oficial ocorrerá entre os dia 28 e 30 de julho e tem “caráter suprapartidário, institucional e estratégico”, segundo divulgou Trad.
Os parlamentares fizeram reuniões de alinhamento com empresários brasileiros e a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham) antes de viajar aos Estados Unidos.
Entre os argumentos que eles devem levar às autoridades norte-americanas, estão o fato de que o Brasil é o terceiro na posição geral (atrás apenas de Austrália e Reino Unido) e o primeiro entre os países em desenvolvimento com o qual os EUA possui mais superávit comercial – ou seja, vende muito mais do que compra.
Além disso, os parlamentares devem frisar que o país sempre se mostrou aberto aos investimentos dos EUA e que as tarifas adicionais prejudicariam o interesse de empresas norte-americanas, além das companhias brasileiras.
D1 com O Globo