Petrobras registra lucro de R$ 26,6 bilhões no segundo trimestre, revertendo prejuízo de 2024

A Petrobras registrou lucro líquido de R$ 26,652 bilhões no segundo trimestre deste ano. O resultado é o oposto do prejuízo de no segundo trimestre do ano passado, quando o resultado foi impactado por um acordo bilionário firmado com o governo, destinado a encerrar litígios tributários relacionados ao pagamento de afretamento de embarcações.

Assim, no primeiro semestre deste ano o ganho da Petrobras chegou a R$ 61, 86 bilhões em ganhos, uma alta em relação aos R$ 21,09 bilhões dos primeiros seis meses do ano passado. A estatal divulgou ainda que vai pagar .

O balanço da estatal foi divulgado na noite desta quinta-feira. A previsão dos bancos apontava para um ganho médio de R$ 21,8 bilhões entre abril e junho, com alguns analistas projetando lucro de até R$ 27,3 bilhões.

“Tivemos uma excelente performance operacional no segundo trimestre, impulsionada pela implementação de novos sistemas de produção e por uma melhoria na eficiência dos campos em operação. Esses fatores nos permitiram aumentar o volume de óleo e gás, refletindo positivamente nos resultados financeiros e mitigando os impactos da queda no preço do Brent. O lucro líquido, desconsiderando os eventos exclusivos do período, manteve-se no patamar do trimestre anterior, quando operamos com um Brent (tipo de petróleo referência para a Petrobras) 10% maior”, declarou Fernando Melgarejo, Diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores da estatal, no comunicado.

Receita caiu 2,6%

Com a redução média do preço do petróleo de 20% entre o segundo trimestre deste ano e o segundo trimestre do ano passado, a receita de vendas da Petrobras caiu 2,6% no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, chegando em R$ 119,128 bilhões.

Segundo analistas, o resultado da companhia foi afetado em parte pela cotação mais baixa do petróleo tipo Brent. Segundo relatório da XP, o barril atingiu uma média de US$ 67 entre abril e junho, uma queda de 12% em relação a US$76 no primeiro trimestre deste ano. Porém, a XP destaca que o aumento da produção amenizou as perdas.

Além da redução do preço do petróleo, a estatal destacou o aumento das despesas operacionais, principalmente em decorrência dos gastos com o Acordo de Individualização da Produção da Jazida Compartilhada de Jubarte (na Bacia de Campos, no litoral do Espírito Santo), que somaram R$ 3,849 bilhões. Houve ainda impairment (espécie de depreciação) de ativos e de investimentos no valor de R$ 1,041 bilhão. Por outro lado, a companhia ressaltou ganhos com variação cambial de R$ 11,965 bilhões.

Dívida sobe 5,5%

Em 30 de junho de 2025, a dívida bruta da Petrobras somava US$ 68,1 bilhões, um aumento de 5,5% em relação a 31 de março. O avanço foi impulsionado pelas captações realizadas no segundo trimestre, que totalizaram US$ 2,6 bilhões. Houve ainda o reconhecimento de US$ 1,1 bilhão na dívida com o início da operação do FPSO afretado Alexandre de Gusmão (Mero 4).

A geração de caixa medida pelo Ebitda (ganhos antes de juros, tributos, depreciação e amortização) no segundo trimestre ficou em US$ 10,2 bilhões, com um lucro líquido sem eventos exclusivos de US$ 4,1 bilhões.

Produção tem alta de 5,4%

Na semana passada, a Petrobras registrou uma produção média comercial de óleo e gás natural de 2,546 milhões de barris diários no segundo trimestre de 2025, um aumento de 5,4% em comparação com os três primeiros meses do ano. Em relação ao mesmo período do ano passado, a alta chegou a 8,1%.

O avanço foi impulsionado, principalmente, pela aceleração da produção de cinco navios-plataformas de produção e armazenamento, do tipo FPSO, além da entrada em operação de novos poços em duas das principais bacias petrolíferas do país: Campos e Santos, no pré-sal.

A Petrobras colocou em operação, no período entre abril e junho, nada menos que 14 novos poços produtores no pré-sal, que têm alta produtividade. Sete deles são na Bacia de Campos e outros sete na de Santos, dentro da estratégia de revitalização de ativos e ampliação da produção no pré-sal.

Câmbio e produção ajudaram, diz analista

Segundo Hulisses Dias, mestre em finanças pela Universidade de Sorbonne, o resultado foi impulsionado por ganhos cambiais e aumento de produção. Ele destacou, por outro lado, que a receita de vendas foi afetada pela redução do preço do petróleo.

— A surpresa positiva no lucro líquido e a manutenção de elevada remuneração ao acionista reforçam o atrativo no curto prazo, mas a sustentabilidade desses indicadores seguirá dependendo da execução do plano de investimentos, da disciplina financeira e do comportamento dos preços do petróleo no mercado internacional.

Redução de investimento em renovável

Os investimentos da estatal somaram US$ 6,44 bilhões no primeiro semestre deste ano, uma alta de 32% em relação ao mesmo período do ano passado. Houve alta em todas as áreas exceto em “gás e energias de baixo carbono”, que teve redução de 39,5% no mesmo período, caindo de US$ 201 milhões para US$ 121 milhões.

Venda de combustíveis sobe 1%

O volume de vendas de derivados ficou em 1,714 milhão de barris por dia – uma alta de 1% em relação ao primeiro trimestre e avanço de 0,8% ante o mesmo período de 2024.

Destaque para os avanços da gasolina (com alta de 3,1% na comparação anual), do querosene de aviação (QAV) (5,7% no mesmo período) e do diesel (de 0,6% no mesmo período). A estatal destacou que as vendas de diesel foram influenciadas pelo aumento das importações por terceiros com origem na Rússia e pela menor demanda do segmento agrícola.

O preço de derivados básicos no mercado interno chegou ao segundo trimestre em R$ 469,89, uma queda de 1,3% em relação ao mesmo período do ano passado.

Alta nas importações de diesel

A estatal também destacou em seu relatório um aumento nas importações do diesel ao longo do segundo trimestre. A alta foi de 229,7% em relação aos meses abril e junho do ano passado e aumento de 84,8% em relação aos primeiros três meses deste ano.

A Petrobras justificou o aumento das importações “em razão da preparação para o período de maior demanda”. Segundo especialistas, a demanda por diesel no Brasil aumenta no segundo semestre por conta do transporte agrícola.

A estatal, no entanto, não importa da Rússia. Somente importadores brasileiros o fazem para cobir cerca de 18% da demanda de diesel no país, que não é autossuficiente em refinados.

D1 com O Globo

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