O prefeito de uma cidade no interior do Rio Grande do Sul causou polêmica ao decidir transferir o feriado municipal do Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, para uma data alternativa. A justificativa apresentada pelo gestor municipal é que o feriado impacta negativamente o comércio e a economia local. Em declaração, o prefeito afirmou: “Não vejo racismo em nossa cidade. Todos têm as mesmas oportunidades aqui.”
A medida gerou ampla repercussão, especialmente entre movimentos sociais e ativistas que defendem a importância simbólica da data. O Dia da Consciência Negra é uma homenagem a Zumbi dos Palmares, um dos maiores líderes da resistência negra no Brasil, e busca promover reflexões sobre o racismo estrutural e a valorização da cultura afro-brasileira.
Reações divididas
Organizações como o Movimento Negro Unificado e a Associação de Defesa dos Direitos Humanos criticaram a decisão, classificando-a como um retrocesso. “Ao transferir o feriado, o prefeito minimiza a importância de uma data que simboliza a luta contra séculos de desigualdade e exclusão”, afirmou um representante do movimento local.
Por outro lado, a Associação Comercial do município se manifestou favoravelmente à medida, destacando que a data, em meio ao período de aquecimento das vendas de fim de ano, prejudica os negócios. “Precisamos pensar no impacto econômico. Não se trata de desrespeito, mas de pragmatismo”, defendeu um comerciante.
Implicações legais
Juristas apontam que a mudança pode ser alvo de questionamentos, uma vez que o Dia da Consciência Negra é oficialmente instituído como feriado em diversos municípios brasileiros. Segundo a legislação federal, cabe às cidades definir a adoção do feriado, mas alterações precisam respeitar os processos legais e as justificativas devem considerar o interesse público.
Persistência do racismo estrutural
Especialistas ressaltam que declarações como a do prefeito refletem a falta de entendimento sobre o conceito de racismo estrutural. “Ao afirmar que não há racismo em sua cidade, o gestor ignora indicadores que mostram a desigualdade de acesso a direitos fundamentais entre negros e brancos”, destacou um sociólogo ouvido pela reportagem.
A polêmica reabre o debate sobre a necessidade de políticas públicas e ações afirmativas que promovam a igualdade racial no Brasil. Movimentos organizados prometem atos na próxima semana para reforçar a relevância da data e exigir o reconhecimento do Dia da Consciência Negra em sua plenitude.
A prefeitura ainda não se manifestou sobre possíveis ajustes na decisão ou diálogo com os grupos contrários à medida.
Redação