Projeto inovador em Cajazeiras transforma relatos sobre saúde da mulher em arte para promover prevenção

ma iniciativa que combina arte, escuta sensível e saúde pública está transformando a relação da comunidade com os cuidados preventivos no distrito de Engenheiro Avidos, o Boqueirão de Piranhas, em Cajazeiras, no sertão paraibano. O projeto Mamogravuras, idealizado pelo médico de família e comunidade Teógenes Oliveira, da Agência Brasileira de Apoio à Gestão do SUS (AgSUS), usa gravuras feitas a partir da pintura das mamas para abordar o câncer de mama de forma humanizada e eficaz.

A ação, inspirada na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, nasceu em 2023 a partir de visitas domiciliares da equipe da UBS José Lopes de Lira. Durante as visitas, foram coletados relatos das mulheres sobre diagnóstico, tratamento e acompanhamento de saúde. A partir dessas histórias, foi proposta a criação de gravuras únicas: as mulheres pintavam as mamas e as carimbavam em papel, criando um registro artístico da singularidade de cada corpo.

O resultado foi transformado em um mural exposto durante o Outubro Rosa, acompanhado por um vídeo com trechos das entrevistas e informações sobre prevenção. Mais do que um símbolo, a arte funciona como um poderoso recurso pedagógico.

“É uma jornada que precisa de carinho, afeto e compreensão. Acolhemos as queixas, conversamos sobre expectativas e explicamos as hipóteses diagnósticas, oferecendo orientação e apoio ao longo de todo o caminho”, explica o médico Teógenes Oliveira.

O projeto ajuda a desfazer medos e estimula o autocuidado, especialmente a partir dos 40 anos – faixa etária em que o Ministério da Saúde recomenda atenção redobrada às mudanças no corpo.

O impacto do Mamogravuras foi além do simbólico. Teógenes relata um aumento significativo na procura espontânea por mamografias após a ação.

“O que a gente pôde observar, nos meses seguintes, foi uma procura espontânea dessas mulheres para a realização da mamografia. Maridos, companheiros e filhos também se sensibilizaram e passaram a participar mais das ações de saúde produzidas na unidade”, conta o médico.

Parte das mulheres que não frequentavam a UBS passou a procurar o serviço de forma mais assídua, fortalecendo o vínculo com a equipe. “Trazer a realidade da própria comunidade para o centro da conversa muda tudo. Quando a mulher se vê representada — na história, na gravura, na roda de conversa — ela se sente parte e se mobiliza”, afirma Teógenes.

Cuidado integral e planos para o futuro

Na UBS, a equipe realiza a avaliação inicial de queixas, levanta hipóteses diagnósticas e solicita exames quando necessário, mantendo também o contato com pacientes em tratamento ou que já concluíram terapia oncológica.

O projeto ganhou destaque no site da AgSUS, entidade criada para dar suporte operacional às políticas do Ministério da Saúde. A equipe planeja agora manter o Mamogravuras como uma prática contínua, com rodas de conversa periódicas, atualização do mural e ampliação de parcerias com serviços de referência, garantindo que a arte continue a ser uma aliada vital na promoção da saúde.

D1 com Coisas de Cajazeiras

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