Apesar das sucessivas reduções no preço dos combustíveis praticado pela Petrobras nas refinarias, o repasse dessas quedas para o consumidor final nos postos tem sido mínimo. É o que revela um levantamento recente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), divulgado no site da própria Petrobras.
Segundo os dados, entre janeiro e maio deste ano, o valor do litro da gasolina vendida pelas refinarias caiu de R$ 3,50 para R$ 3,27, uma redução de R$ 0,23. No entanto, essa diminuição não teve reflexo significativo nas bombas. No mesmo período, o preço médio da gasolina vendida ao consumidor nos postos de todo o país recuou apenas de R$ 6,14 para R$ 6,10 — ou seja, uma queda irrisória de apenas R$ 0,04 por litro.
A discrepância entre o valor reduzido pela Petrobras e o pequeno repasse ao consumidor levanta questionamentos sobre a composição de preços nos postos, que inclui tributos estaduais e federais, margem de distribuição, revenda e custos logísticos. Ainda assim, especialistas e entidades de defesa do consumidor apontam que poderia haver uma redução mais justa e proporcional.
A Petrobras, por sua vez, destaca que desde que adotou uma nova política de preços — desvinculada da paridade internacional com o dólar e o barril de petróleo — tem buscado dar maior previsibilidade e estabilidade aos preços dos combustíveis. No entanto, os repasses finais ao consumidor dependem de agentes externos à estatal.
O cenário reforça a importância de uma fiscalização mais rígida e de medidas que garantam maior transparência na cadeia de formação de preços dos combustíveis, de modo a assegurar que eventuais reduções nas refinarias não fiquem retidas nos elos intermediários do mercado e cheguem, de fato, ao bolso da população.
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Redação D1