O setor imobiliário apresentou crescimento de 16% nos lançamentos e de 24% nas vendas no acumulado dos primeiros nove meses de 2024, em comparação ao mesmo período de 2023. O desempenho positivo foi liderado pelo programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), que superou o segmento de média e alta renda, conforme dados divulgados pelo indicador Abrainc-Fipe na última semana.
Segundo o levantamento, elaborado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) em parceria com a Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), o valor total dos lançamentos no período foi de R$ 34,7 bilhões, enquanto o valor geral de vendas (VGV) alcançou R$ 43,5 bilhões.
As unidades do MCMV responderam por 61% do valor lançado e 52% do valor vendido. Em comparação com o ano anterior, o programa registrou alta de 36,2% no valor dos lançamentos, enquanto o segmento de média e alta renda teve queda de 1,5%.
Diferenças entre segmentos
No volume de unidades lançadas, o MCMV apresentou aumento de 34,4%, enquanto o setor de média e alta renda registrou crescimento modesto de 1,2%. Na comercialização, o MCMV obteve alta de 28,8%, enquanto o segmento de média e alta renda cresceu apenas 0,6%.
Impacto da taxa de juros
Especialistas destacam a influência da taxa Selic sobre o mercado. Luiz França, presidente da Abrainc, afirmou que os juros altos dificultam o acesso ao crédito e aumentam os custos financeiros das empresas, o que pode afetar o ritmo de lançamentos e a geração de empregos no setor.
Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), alertou que os lançamentos voltados para a classe média podem cair em 2025 devido a essas condições econômicas.
Movimentações no setor de baixa renda
Empresas focadas no segmento de baixa renda têm realizado movimentos estratégicos para explorar o momento favorável ao programa MCMV. A Direcional e a Tenda, duas das maiores do setor, anunciaram recentemente parcerias envolvendo suas subsidiárias.
A Direcional vendeu até 15% da Riva, sua subsidiária voltada à faixa superior do MCMV, para a gestora Riza por R$ 397,5 milhões. A Tenda firmou acordo com o fundo Good Karma Partners (GKP), que investirá em até 6,97% das ações da Alea, sua subsidiária que utiliza construção industrializada em madeira.
Essas operações precificaram a Riva em R$ 2,65 bilhões e a Alea em R$ 1,09 bilhão. Segundo executivos das incorporadoras, os movimentos buscam chamar atenção para o potencial de crescimento das subsidiárias, até então subestimado pelo mercado.
Valor Econômico