A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), presa na Itália há quase dois meses após fugir para não cumprir pena imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF), voltou a acusar o ministro Alexandre de Moraes de perseguição política e de ter uma “obsessão” por ela.
A declaração foi dada em depoimento virtual à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara nesta terça-feira (24).
Zambelli reclamou que Moraes não teria se limitado a condená-la, mas buscado “atingir toda a família”. Ela relatou bloqueios de contas bancárias do marido e suspensão das redes sociais de parentes, além de citar a intenção de que fosse levada ao presídio feminino da Colméia, em Brasília.
“Ele queria me estrangular no sentido de eu não ter nada nem ninguém perto de mim”, afirmou.
A deputada também fez comparações diretas entre Moraes e seu marido, o policial Aginaldo de Oliveira. “Um policial de 35 anos de farda, que já tomou cinco tiros e três facadas, fez Bope, fez SWAT, é um homem que jamais poderia ser acusado de ter um fio de cabelo fora do lugar. Ele [Moraes] jamais vai chegar nem aos pés do Aginaldo”, afirmou.
Em outro momento, reforçou: “Ele tinha uma obsessão por mim. Depois do Daniel [Silveira, ex-deputado preso], ele teve uma obsessão por mim”, numa referência ao ex-deputado Daniel Silveira, também condenado pelo STF por atos antidemocráticos.
Contexto jurídico
Zambelli foi condenada pelo Supremo em processos ligados à tentativa de desestabilizar a democracia e deixou o país para evitar a execução da pena. Detida em território italiano, cumpre prisão administrativa enquanto aguarda decisão sobre o pedido de extradição feito pelo governo brasileiro.
Na Câmara, seu caso tramita paralelamente: a CCJ discute a possibilidade de cassação do mandato. Motivado pela condenação no STF, o colegiado analisa representações que apontam quebra de decoro parlamentar e pode recomendar a perda da cadeira. Em última instância, caberá ao plenário decidir.
Foto: Renato Araújo/Câmara dos Deputados
D1 com O Tempo
