No último sábado (14), Cajazeiras deu um passo importante rumo à construção de uma sociedade mais justa e igualitária ao sediar, no auditório da Secretaria Municipal de Educação, a Plenária de Validação da 1ª Conferência Municipal de Promoção da Igualdade Racial (COMPIR). O evento reuniu representantes do poder público, movimentos sociais, lideranças religiosas e comunitárias para discutir e propor diretrizes de enfrentamento ao racismo, em sintonia com os objetivos da V Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (V CONEPIR).
A programação teve início com a fala da secretária adjunta de Assistência Social, Thalyta Michele, que destacou o papel da gestão municipal na luta por equidade racial. “Esta plenária é um chamado à ação coletiva. Cajazeiras não pode mais tolerar as desigualdades que marginalizam nossa população negra e os povos e comunidades tradicionais. É hora de políticas públicas efetivas”, afirmou.
Logo após, o gerente municipal de Igualdade Racial, Jusciê Alves, reforçou o simbolismo e a urgência da conferência como instrumento de escuta ativa e reparação histórica. “Este é um espaço de acolhimento e construção coletiva. Precisamos garantir que as vozes historicamente silenciadas sejam protagonistas na formulação de políticas públicas”, disse.
Representantes da sociedade civil também protagonizaram momentos marcantes durante o evento. O Babalorixá Pai Walter abordou o racismo religioso, denunciando as violências simbólicas e materiais enfrentadas pelos terreiros. “Nossos espaços sagrados resistem há séculos e agora também precisam ser reconhecidos como territórios de formulação política”, declarou. Já a professora e militante Celda Rejane destacou a necessidade de ações práticas dentro do ambiente escolar: “A escola precisa ser antirracista na prática, não apenas no discurso. Isso exige formação, currículo e compromisso pedagógico”.
A leitura do regimento interno ficou a cargo do presidente da Associação LGBTQIAPNB+ de Cajazeiras, Fernando Santana. Após sua leitura e discussão, o regimento foi aprovado por unanimidade pelos presentes, o que permitiu o avanço para a parte mais densa da programação: a palestra magna da professora e ativista Pérola Negra.
Com base em dados estatísticos e experiências vividas, Pérola abordou as desigualdades raciais no acesso à saúde, educação e renda. “Não há justiça sem reparação. E reparação exige investimento, orçamento e vontade política”, afirmou, arrancando aplausos da plateia. Sua fala reforçou a urgência da implementação de políticas públicas sustentáveis e integradas.
Ao final do encontro, foram eleitos os delegados e delegadas que representarão Cajazeiras na etapa estadual da Conferência, marcada para o próximo dia 9 de julho, em João Pessoa. A delegação terá a missão de levar as propostas debatidas localmente para o debate estadual e, posteriormente, nacional.
O gerente Jusciê Alves fez um balanço positivo da plenária: “Cumprimos nossa missão de ouvir, propor e consolidar ações. Levaremos à Conferência Estadual uma Cajazeiras que acredita no poder da diversidade, na força da coletividade e na urgência de políticas estruturantes para combater o racismo”.
A realização do evento foi uma iniciativa da Gerência Municipal de Igualdade Racial, com apoio direto da Secretaria de Assistência Social e da Prefeitura de Cajazeiras, em alinhamento com a Portaria nº 81/2025, que integra a Agenda Nacional de Promoção da Igualdade Racial. A plenária simbolizou não apenas um evento, mas um compromisso institucional com a transformação social baseada na justiça, equidade e respeito à diversidade.
Redação D1 com SECOM/CZ