Crise hídrica em Engenheiro Avidos: Wilson Santiago detalha medidas e responsabilidades

Contexto da crise no Açude de Boqueirão

O deputado federal Wilson Santiago afirmou, em entrevista ao Programa Boca Quente Parte Dois, na quarta (26) que a situação crítica de Boqueirão de Piranhas vem sendo monitorada desde setembro, quando ele, o deputado Chico Mendes, o prefeito Jeová Campos e outras lideranças visitaram o Ministério da Integração Nacional. Na ocasião, alertaram sobre o risco de escassez devido à liberação descontrolada de água. Segundo Santiago, a falta de controle resultou na diminuição do volume do açude em cerca de 70 milhões de metros cúbicos (alguns cálculos apontam até 100 milhões), prejudicando a captação de água para consumo humano e animal nas comunidades ribeirinhas da região, que contam com cerca de 20 pequenos sistemas de abastecimento.

Problemas na gestão e distribuição da água

O parlamentar criticou a atuação da ANA (Agência Nacional de Águas) e da ESA, que, segundo ele, permitiram a liberação excessiva de água por meio do comitê de gerenciamento das bacias, priorizando irrigação em detrimento do abastecimento. “Liberaram mais água do que o que deveria. Essa é a grande verdade”, afirmou Santiago. Ele explicou que a água estava chegando em quantidade insuficiente ao açude de Boqueirão, enquanto boa parte seguia para outros usos, causando escassez mesmo com níveis relativamente elevados em reservatórios vizinhos, como o barrado de Boa Vista, com mais de 200 milhões de metros cúbicos.

Medidas emergenciais e acompanhamento técnico

Santiago destacou que, após reunião recente no Ministério da Integração Nacional, técnicos e assessores, incluindo Giuseppe Vieira (Secretário Nacional de Recursos Hídricos), Dr. Bruno Cravo (diretor do Departamento de Projetos Estratégicos) e Dr. Alexandre, comprometeram-se a acelerar estudos para recuperar os níveis adequados de água no açude. Fotografias da região, incluindo animais atolados e sem água, foram apresentadas como prova da urgência da intervenção. A meta é trazer mais água para a bacia de Boqueirão e implementar controle mais rigoroso da liberação, evitando calamidades futuras.

Articulação política e coordenação de órgãos

O deputado enfatizou a necessidade de unir governo federal, governo estadual, AESA, ANA e comitês de bacias para encontrar uma solução definitiva, sem que interesses políticos prejudiquem a população. Ele alertou que decisões anteriores podem comprometer o abastecimento em Cajazeiras e em outras regiões atendidas pela barragem de Engenheiro Ávidos, destacando que o excesso de água na ponta da distribuição causa problemas de alagamento, enquanto a escassez afeta o início da bacia, prejudicando comunidades ribeirinhas.

Compensação e planejamento futuro

Santiago destacou que é necessário compensar a distribuição de água, garantindo que a quantidade liberada seja suficiente para atender a demanda local. Ele criticou a diferença entre a água liberada e a água recebida, citando que Cajazeiras recebe apenas 27 milhões de metros cúbicos, insuficiente para atender às necessidades da população, enquanto outros locais recebem volumes maiores. O objetivo, segundo o deputado, é regularizar a distribuição, manter níveis estáveis no açude e assegurar a continuidade do projeto de transposição de águas a partir de 2026.

Envolvimento do presidente Lula e autoridades federais

O deputado afirmou que o presidente Lula já recebeu informações detalhadas sobre a situação da água em Engenheiro Ávidos e demais regiões afetadas. Santiago acredita que o presidente tomará providências, considerando o objetivo original da transposição: atender o consumo humano e animal no Nordeste. O deputado reforçou que todas as autoridades ligadas ao setor hídrico têm conhecimento da situação e que é necessário um esforço conjunto para implementar controle rigoroso da água e responsabilizar todos os órgãos envolvidos.

Impactos à população e apelo à responsabilidade

Wilson Santiago concluiu destacando que o problema atual não é apenas técnico, mas também social e político, já que a população sofre com a falta de água enquanto medidas eficazes não são implementadas. Ele apelou para que todas as partes — governos, órgãos gestores, imprensa e lideranças políticas — trabalhem de forma consciente e colaborativa para resolver a crise, garantindo que a transposição e os açudes cumpram sua função de atender às demandas hídricas da região.

Redação do Difusora1

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