Demissão de Wajngarten foi pedido de Michelle e expõe racha na direita para a eleição de 2026

Foto: Isac Nóbrega/PR

A demissão de Fábio Wajngarten – advogado e marqueteiro de Jair Bolsonaro (PL) – do Partido Liberal (PL) foi um pedido expresso da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e é um efeito colateral das divisões na direita sobre a disputa de 2026.

O pedido foi feito após a divulgação de conversa de WhatsApp em que Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, ironiza a possibilidade de Michelle ser candidata em 2026.

Wajngarten respondeu a Cid dizendo que não apoiava Michelle e que achava que os filhos do ex-presidente também não aprovavam o nome dela para uma disputa presidencial.

As mensagens foram reveladas inicialmente pelo UOL e obtidas também pelo blog. Leia aqui a troca de mensagens.

O episódio mostra que o racha na direita sobre quem herdará os votos de Jair Bolsonaro (PL) em 2026 e a tentativa de construção de Michelle como um nome viável como candidata a qualquer cargo eletivo vêm desde antes do ex-presidente ser tornado inelegível.

As conversas em questão ocorreram em janeiro de 2023. Bolsonaro foi tornado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em junho daquele ano.

Nesta quarta-feira (21), Malafaia saiu em defesa de Wajngarten. “Você tem minha solidariedade. Não gosto e ver covardia e gente que não tem memória de coisas boas. Estão sempre prontas para apontar falhas, nunca acertos”, afirmou em uma rede social.

Na troca de mensagens com Cid, Wajngarten chegou a cogitar o pastor como candidato ao Planalto. “Vou meter o Malafaia. Pode escrever”, disse o marqueteiro. Para derrotar o PT, Lula, esquerda precisaremos de um grande nome e de fora”, continuou.

Esse racha opõe:

  • de um lado, a família Bolsonaro, que quer alguém do grupo na cabeça da chapa que disputará a Presidência em 2026, o que é visto como garantia de que o ex-presidente será indultado caso condenado por golpe de Estado. E, neste cenário, Michelle é vista como um nome potencial, ainda que com ressalvas (leia mais abaixo);
  • e de outro, uma ala da direita que entende que esse cenário tem se tornado cada vez mais inviável politicamente diante do avanço da investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de golpe de Estado. Wajngarten e Cid estão nesse grupo, que vê Michelle como um bom nome para disputar o Senado.

Há, ainda, a divisão na própria família do ex-presidente. No começo de 2025, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o mais pragmático dos filhos, indicou nos bastidores que prefere Michelle a alguém de fora na disputa pela presidência, caso ela se mostre viável. Mas essa hipótese não é cogitada por outros filhos do ex-presidente.

D1 com g1

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