Entidade internacional amplia poderes de arbitragem, exige mudanças nos regulamentos nacionais e promete intervir em federações que não cumprirem as novas diretrizes
A Fifa publicou nesta quinta-feira (29) a nova versão do seu Código Disciplinar, trazendo mudanças significativas no combate ao racismo no futebol. A principal novidade está no endurecimento das punições, que agora incluem multas que podem chegar a R$ 34 milhões, rebaixamento de clubes e expulsão de competições em casos de reincidência.
O documento foi aprovado em reunião do Conselho da Fifa realizada neste mês e atualiza o artigo 15, dedicado a “Discriminação e Racismo”. A nova redação amplia o protocolo contra atitudes racistas dentro de campo e estabelece novos mecanismos de denúncia e penalização.
Mais poder ao árbitro e vítimas
Segundo o novo Código Disciplinar da Fifa, qualquer jogador ou participante de uma partida poderá comunicar ao árbitro que foi vítima de racismo. A partir dessa sinalização, o juiz deverá aplicar imediatamente o protocolo oficial: interrupção do jogo, paralisação temporária e, se necessário, encerramento definitivo da partida.
A mudança dá mais autonomia aos atletas e árbitros para agir diante de situações discriminatórias, eliminando a necessidade de aguardar posicionamentos de dirigentes ou comissões externas durante o jogo.
Multas e sanções esportivas mais rigorosas
O novo regulamento também eleva significativamente o valor das penalidades financeiras. Clubes e associações que cometerem infrações relacionadas ao racismo podem ser multados em no mínimo 20 mil francos suíços (cerca de R$ 137 mil). A multa máxima, em casos excepcionais, pode chegar a 5 milhões de francos suíços – aproximadamente R$ 34 milhões.
Além das sanções financeiras, as penas disciplinares previstas incluem a imposição de partidas com portões fechados, dedução de pontos, rebaixamento e exclusão de torneios. A reincidência será considerada fator agravante nas decisões.
Associações devem se adequar até o fim do ano
A Fifa estipulou o dia 31 de dezembro de 2025 como prazo limite para que todas as federações e associações-membros adaptem seus regulamentos internos às novas normas. O descumprimento pode levar à intervenção direta da entidade.
De acordo com o novo texto, a Fifa poderá apelar ao CAS (Corte Arbitral do Esporte) caso considere inadequada qualquer decisão tomada pelas entidades filiadas em casos de racismo. Também está previsto o direito de intervir administrativamente em federações que falharem na aplicação das regras.
Racismo como crime global
Durante o Congresso da Fifa realizado este mês em Assunção, no Paraguai, o presidente da entidade, Gianni Infantino, reforçou o compromisso com a erradicação do racismo nos campos e destacou a necessidade de um enfrentamento mais amplo.
“Racismo não é só um problema para atacar no futebol, racismo é simplesmente um crime”, afirmou o dirigente. “Estamos trabalhando com diferentes governos e com a ONU para garantir que a luta contra o racismo esteja inserida na legislação criminal de cada país do mundo.”
A iniciativa marca mais um passo na estratégia global da Fifa para coibir práticas discriminatórias, ampliando a responsabilização de clubes, torcidas e instituições esportivas.
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