“Foi infeliz nas suas colocações”, diz membro de igreja de Cajazeiras sobre fala polêmica de pastor a respeito do autismo

Durante participação no programa jornalístico ‘Bom Dia Notícia’, da Difusora Rádio Cajazeiras, o pastor da igreja Avivamento da Fé, Antônio Silva, criticou a fala polêmica do seu colega sobre os autistas. “Ele foi infeliz nas suas colocações. Eu acredito que deixou a população revoltada, não só a população, mas os pais, das crianças, das pessoas autistas. Porque nós sabemos, irmãos, que o inimigo trabalha de várias formas para destruir a humanidade, mas nem tudo a gente pode atribuir ao diabo. Nós sabemos que, como o próprio Jesus disse, tem enfermidade que vem sobre as nossas vidas, porque nós somos seres humanos, nós somos carne. Tem enfermidade que vem também para a glória de Deus. E nós vemos que as pessoas autistas são as pessoas mais carinhosas, nos abraçam. Na nossa igreja nós temos crianças autistas, nós vemos a dor dos pais, e muitas vezes a gente vê eles dentro da igreja, correndo, não ficam quietos, porque tem aquela energia. Então a gente respeita, a gente entende, a gente está ali para ajudar os pais. E a colocação desse pastor é uma colocação que eu acredito que entristeceu o coração de muitos pais e revoltou a população, porque a gente não pode estar falando o que quer.”, disse o pastor cajazeirense Antônio Silva.

Entenda o caso

Um pastor da Assembleia de Deus de Tucuruí (PA) viralizou nas redes sociais depois de dizer que mães de bebês com TEA (Transtorno do Espectro Autista) receberam a “visita do diabo” no útero. A declaração foi feita por Washington Almeida durante pregação comemorativa dos 90 anos da instituição, na 1ª quinzena de julho de 2024. “De cada 100 crianças que nascem temos um percentual gigantesco de pessoas e ventres manipulados, visitados pela escuridão, que distorce ainda no ventre. As crianças, hoje, de cada 100, temos aí quase que 30% de autistas em vários graus”, disse o pastor.

“‘O que é que está acontecendo?’ O diabo está visitando o ventre das desprotegidas, daqueles que não têm a graça, a habilidade, a instrumentalidade para saber lidar do mundo espiritual. E ele só procura os vulneráveis e os desassistidos”, completou.

O que é autismo?

O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de interesses e atividades.

Sinais de alerta no neurodesenvolvimento da criança podem ser percebidos nos primeiros meses de vida, sendo o diagnóstico estabelecido por volta dos 2 a 3 anos de idade. Prevalecendo em sua maioria no sexo masculino.

A identificação de atrasos no desenvolvimento, o diagnóstico oportuno de TEA e encaminhamento para intervenções comportamentais e apoio educacional na idade mais precoce possível, pode levar a melhores resultados a longo prazo, considerando a neuroplasticidade cerebral.

Ressalta-se que o tratamento oportuno com estimulação precoce deve ser preconizado em qualquer caso de suspeita de TEA ou desenvolvimento atípico da criança, independentemente de confirmação diagnóstica.

A etiologia do transtorno do espectro autista ainda permanece desconhecida. Evidências científicas apontam que não há uma causa única, mas sim a interação de fatores genéticos e ambientais. A interação entre esses fatores parecem estar relacionadas ao TEA, porém é importante ressaltar que “risco aumentado” não é o mesmo que causa fatores de risco ambientais. Os fatores ambientais podem aumentar ou diminuir o risco de TEA em pessoas geneticamente predispostas. Embora nenhum destes fatores pareça ter forte correlação com aumento e/ou diminuição dos riscos, a exposição a agentes químicos, deficiência de vitamina D e ácido fólico, uso de substâncias (como ácido valpróico) durante a gestação, prematuridade (com idade gestacional abaixo de 35 semanas), baixo peso ao nascer (< 2.500 g), gestações múltiplas, infecção materna durante a gravidez e idade parental avançada são considerados fatores contribuintes para o desenvolvimento do TEA.

Gostou Compartilhe..