Análises históricas apontam que o fim da monarquia foi um processo irregular e imposto por militares em 1889
A Proclamação da República, ocorrida em 15 de novembro de 1889, é um marco na história do Brasil, mas muitos historiadores concordam que a remoção da monarquia foi, de fato, um “golpe de Estado”. Um dos primeiros a levantar essa crítica foi o advogado e escritor paulista Eduardo Prado, em seu livro Fastos da Ditadura Militar no Brasil (1890). Prado argumentava que a transição republicana não se deu de forma legítima e que a monarquia ainda era o modelo mais adequado para a sociedade brasileira da época. Para ele, o golpe promovido pelos militares, liderados pelo Marechal Deodoro da Fonseca, foi uma imposição violenta e precipitada.
Deodoro, que havia proclamado a República após burlar as recomendações médicas e se levantar da cama onde estava enfermo, agiu sem o consentimento de outros setores da sociedade, como o próprio imperador Dom Pedro II e a maioria da população. A narrativa tradicional sobre a Proclamação da República, que a descreve como um movimento popular e inevitável, é questionada por estudiosos como Prado, que apontam as incoerências do processo e os interesses militares envolvidos.
A visão de Prado, que considerava o novo regime um “golpe de Estado ilegítimo”, ainda é compartilhada por muitos historiadores. Para eles, a República brasileira não foi o resultado de um movimento democrático, mas sim uma mudança imposta por uma elite militar que usou de sua força para derrubar um sistema monárquico, que embora enfrentasse dificuldades, ainda era funcional para grande parte da população. O questionamento sobre a legitimidade da República, portanto, persiste, mesmo após quase 150 anos de sua Proclamação.
Nos últimos anos, especialmente com o crescimento das redes sociais e movimentos de revisão histórica, esse debate ganhou força. Grupos e historiadores continuam a contestar a forma como a República foi instaurada no Brasil, destacando o caráter autoritário do processo e as consequências de um golpe que, segundo muitos, alterou o curso natural da política brasileira, com implicações duradouras para a democracia no país. O tema continua sendo uma área de intenso debate, onde visões contrastantes sobre o passado moldam a compreensão do Brasil moderno.
Redação