Nordeste em Dados: estudo revela vocações produtivas e contrastes econômicos entre estados

Com 57,1 milhões de habitantes distribuídos por nove estados e representando 26,9% da população brasileira, o Nordeste segue como uma das regiões mais relevantes do país. A atualização 2025 do Info Nordeste, estudo elaborado pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), revela uma radiografia abrangente da região, com dados sociais e econômicos que ajudam a entender os rumos de sua dinâmica produtiva.

O estudo mostra que o Nordeste ocupa 18,3% do território nacional e detém 27,1% do eleitorado brasileiro. Com 78% da população vivendo em áreas urbanas, o IDH médio regional é de 0,663, inferior à média nacional (0,766). A estrutura etária revela que quase metade dos habitantes tem até 29 anos, o que representa tanto desafios quanto oportunidades para as políticas de educação e trabalho. “O objetivo central do Info Nordeste é ampliar o acesso aos dados e estimular novos estudos sobre a dinâmica produtiva da região”, afirma o economista da SEI, Jadson Santana.

Embora o PIB per capita da região (R$ 25.401,43 em 2022) esteja abaixo da média nacional, alguns estados têm se destacado em setores estratégicos como agropecuária, indústria, serviços e exportações.

Destaques estaduais por setores econômicos

Bahia – Potência agrícola e industrial

Maior economia do Nordeste, responde por 29% do PIB regional. Lidera a produção de soja, algodão, cacau e frutas tropicais como manga e banana. Na indústria, é destaque nacional em produtos químicos e derivados de petróleo. Com forte perfil exportador, a Bahia concentra também o maior valor agregado da região.

Pernambuco – Indústria diversificada e serviços em expansão

Com 17,7% do PIB nordestino, o estado se destaca na produção de veículos automotores e na cadeia sucroenergética. É polo de fruticultura irrigada no Vale do São Francisco (uvas, mangas). O setor de serviços, impulsionado por infraestrutura e logística, tem peso crescente na economia estadual.

Ceará – Indústria metalúrgica e urbanização acelerada

O Ceará tem 15,4% do PIB do Nordeste e um parque industrial voltado à metalurgia e alimentos. A capital, Fortaleza, é o maior centro urbano da região, influenciando o setor de serviços. Apesar de menor peso no agro, o estado investe em cadeias como a do melão e da energia renovável.

Maranhão – Agroexportador e líder em celulose

Com 10,1% do PIB regional, o Maranhão tem produção expressiva de soja e milho, forte atuação na silvicultura e presença crescente nas exportações de papel e celulose. A indústria metalúrgica é relevante, assim como a logística portuária, que sustenta o comércio exterior.

Rio Grande do Norte – Petróleo, frutas e logística

Representando 6,8% do PIB nordestino, o estado combina produção de petróleo e gás com fruticultura irrigada — especialmente melão. Sua posição geográfica estratégica favorece investimentos em transporte e exportações. Os serviços respondem por boa parte do emprego formal.

Paraíba – Couros, alimentos e agricultura diversificada

Com 6,2% do PIB regional, a Paraíba tem uma indústria voltada à fabricação de calçados, alimentos e produtos minerais. Produz cana-de-açúcar, abacaxi e goiaba em escala relevante. A diversidade de setores favorece a economia local, que mantém dinamismo mesmo com limitações estruturais.

Alagoas – Cana-de-açúcar e indústria tradicional

O estado responde por 5,5% da economia nordestina e é líder na produção de cana no Nordeste (32,1%). A indústria é focada em alimentos e produtos químicos. O perfil ainda muito dependente de cadeias tradicionais representa um desafio à diversificação econômica.

Piauí – Agro em ascensão e interiorização da economia

Com 5,2% do PIB da região, o Piauí tem se consolidado como nova fronteira agrícola com forte presença na soja (22,6%) e milho (28,2%). Lidera o rebanho de caprinos no Brasil e tem participação crescente na agroindústria e exportação. A industrialização ainda é incipiente, mas em expansão.

Sergipe – Indústria alimentícia e química

Menor estado da região, Sergipe representa 4,1% do PIB nordestino. Destaca-se pela fabricação de alimentos e produtos químicos, petróleo e gás, com presença também do setor coureiro. Os serviços vêm ganhando espaço, refletindo o processo de urbanização em Aracaju e região metropolitana.

Diversidade econômica

Apesar das diferenças de escala e estrutura, todos os estados apresentam setores com vocações econômicas claras. Enquanto Bahia, Pernambuco e Ceará concentram o maior PIB e a infraestrutura mais desenvolvida, estados como Piauí e Maranhão vêm crescendo com base na agropecuária e exportações. A Paraíba e Sergipe demonstram capacidade de diversificação industrial, enquanto Alagoas mantém força em setores tradicionais.

O estudo da SEI evidencia que, embora o Nordeste mantenha vitalidade econômica em segmentos como agronegócio e comércio, ainda enfrenta gargalos como a baixa renda média, precariedade em serviços essenciais — como saúde e saneamento — e desigualdade no acesso a oportunidades. A leitura integrada dos dados permite identificar caminhos para o fortalecimento de políticas regionais e o aprimoramento da integração econômica entre os estados.

D1 com Revista NE

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