População trans é uma das mais vulneráveis em desastres ambientais, apontam estudos

A população trans, já marginalizada em diversos aspectos sociais, figura entre as mais afetadas por desastres ambientais, de acordo com especialistas e organizações de direitos humanos. A vulnerabilidade desse grupo é amplificada em situações de emergência devido a barreiras no acesso a abrigos, serviços públicos e apoio humanitário, além de enfrentarem discriminação e exclusão durante os esforços de resposta a crises.

Exclusão social amplificada

A realidade da população trans em situações de desastres ambientais reflete desigualdades estruturais preexistentes. Muitas pessoas trans enfrentam dificuldades para acessar abrigos emergenciais devido à rejeição baseada em sua identidade de gênero. Em diversos casos, abrigos são segregados por gênero binário, o que pode expor pessoas trans a constrangimentos ou até violência.

Segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), a exclusão da população trans em políticas públicas de proteção é frequente. “Não estamos apenas lidando com os efeitos das mudanças climáticas, mas também com preconceitos enraizados que colocam nossas vidas em risco”, afirma Keila Simpson, presidente da entidade.

Dados alarmantes

Pesquisas realizadas em regiões afetadas por enchentes e deslizamentos de terra revelam que a população trans frequentemente não é incluída nos cadastros de ajuda emergencial, o que dificulta o acesso a itens essenciais, como alimentos e medicamentos. Em muitos casos, a ausência de documentos atualizados com a identidade de gênero correta também agrava a situação.

“Os desastres ambientais escancaram uma fragilidade que vai muito além da questão climática. É um reflexo de como a sociedade trata a diversidade”, explica a socióloga Mariana Dantas, especialista em políticas públicas inclusivas.

Medidas urgentes

Organizações de direitos humanos têm pressionado governos e instituições para incluir a perspectiva de gênero em planos de emergência. Recomendam-se ações como a capacitação de agentes humanitários para evitar discriminação, a criação de espaços de acolhimento seguros e o fortalecimento de políticas voltadas às pessoas LGBTQIA+.

Em resposta, algumas cidades brasileiras têm implementado abrigos inclusivos e desenvolvido campanhas específicas para conscientização sobre os direitos da população trans em situações de calamidade. Ainda assim, a cobertura permanece limitada diante da crescente frequência e intensidade de desastres climáticos.

Um chamado à ação

Diante das mudanças climáticas, que intensificam desastres naturais, a inclusão da população trans em estratégias de mitigação e adaptação se torna imprescindível. “A desigualdade não é apenas social, mas também climática. Precisamos assegurar que ninguém seja deixado para trás”, conclui Keila Simpson.

Enquanto isso, a luta por direitos igualitários continua sendo uma prioridade para garantir que as adversidades climáticas não ampliem ainda mais as desigualdades sociais.

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